Olhem!

[Lenda] Misterio de Katrin

Indonésia 1948
Após uma intensa reforma, o hospital infantil de Santem, iria ser reaberto. Passou por um forte incêndio no ano anterior, cujas causas até hoje são desconhecidas. Kur Hants um conceituado fotógrafo alemão, entrou sozinho no prédio para registrar as mudanças do local e fazer uma matéria sobre a renovação do prédio após a tragédia. Caminhou por vários andares, mas ao chegar ao último sentiu algo estranho, estava frio e sentia como se algo o observasse, mesmo com maus pressentimentos continuou seu trabalho. Ao focar sua câmera para uma das portas que davam acesso à ala psiquiátrica, notou uma mancha na lente da câmera, ao limpá-la percebeu que não havia nada ali. Ele movimentava seu equipamento, e a sombra parecia imóvel. Kur nunca havia passado por isso, pensou se tratar de alguma brincadeira, continuou a fotografar. Quando estranhos barulhos, que se assemelhavam de uma menina se debatendo contra a porta, começaram a ficar intensos, Kur correu pensando ser alguém em apuros. Kur abriu a porta, algo violentamente atravessou seu peito, perfurando seu coração. A câmera caiu e por muita sorte não se danificou.
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Cidade de Santem 1946
Enila, Ceron e Katrin, formavam uma família feliz, moravam em um humilde sítio, que com o avanço da cidade estava ficando cada vez menor e a situação financeira deles ficava cada vez pior. Katrin gostava muito de seus pais, era uma menina encantadora de apenas 11 anos. Brincava sempre sozinha com os poucos animais da fazenda. Enila era uma mulher muito justa e batalhadora, sempre conseguiu manter o equilíbrio na casa, mesmo passando por tantas dificuldades. Depois de alguns meses a situação começou a se complicar, era época de seca, as plantações estavam morrendo e a única solução encontrada por Ceron foi vender um de seus cavalos. Era uma tarde nublada Ceron amarrou o animal numa carroça, consigo levou algumas armas e pólvora para tentar vender no mercado da cidade. Katrin pede para que ele traga uma boneca que ela tanta desejava, pois seu aniversário estava muito próximo. Muito triste e com pena de sua filha ele diz que irá tentar realizar o sonho da menina. Várias horas se passaram, começou a trovejar, Ceron retornava para sua casa. Conseguiu vender apenas o cavalo, não achou comprador para o restante do material que levava. Katrin avista seu pai, vindo pela estrada, muito contente e aguardando ansiosa por seu presente, corre e avisa sua mãe. As duas aguardam na porta da residência, quando um forte raio cai pelas redondezas, o som do trovão foi tão forte que fez com que o cavalo se assustasse. Ceron perdeu controle das rédias, em pânico o animal tenta fugir, mas continuava preso à carroça. Katrin e sua mãe tentaram correr para ajudar, mas a carroça vira, uma pequena faísca é produzida, acidentalmente a pólvora se espalha, causando assim uma enorme explosão. Ceron gritava muito, seus pedidos de ajuda podiam ser ouvidos à distância. Mãe e filha nada puderam fazer a não ser assistir a morte dele. Alguns objetos que estavam na carroça foram arremessados com a explosão, dentre eles estava a boneca que Katrin tanto desejava. Intacta, a menina encontra e abraçada ao seu novo brinquedo fica paralisada e parecia não acreditar que havia perdido seu tão amado pai. As chamas arderam por mais de uma hora e se alastraram pelo capim seco, muitas pessoas tentaram ajudar. Nada se salvou a não ser a casa onde elas moravam. Depois de algum tempo, Enila recebeu uma proposta de venda daquele local onde queriam construir um grande hospital. Sem pensar muito aceitou. Compraram uma casa no centro de Santem e com o restante do dinheiro poderiam viver sossegadas, já que aquele local era muito valioso. Após a morte de seu pai Katrin passou a ser uma menina triste e ainda mais solitária, pois pouco falava e nunca mais se separou do ultimo presente que recebeu dele. Apenas um cachorro foi levado para a casa nova. A mudança foi difícil para as duas, Katrin sofreu aos prantos entrou em sua nova moradia. Desde então seus trajes passaram a ser pretos, se fechou para o mundo. Renegou toda a ajuda que lhe foi oferecida. Enila preocupava-se e seu único consolo era pensar que tudo aquilo não passava de uma difícil fase. Um ano depois... Katrin, nunca saia de casa, isto fez com que sua pele ficasse extremamente clara e pálida. Todas as noites, Enila escutava Katrin conversar com alguém e ao espiar constatava que ela tinha a boneca como melhor amiga. Numa noite, algo de estranho aconteceu, Katrin chorava muito e chamava por seu pai. Pensando em se tratar apenas de mais um sonho, Enila corre para ver o que estava acontecendo. Assustou-se ao encontrar a boneca suja de sangue, Katrin continuava a gritar, sua mãe a acalma e depois a questiona sobre a boneca, sem obter nenhuma resposta recolhe o brinquedo de sua filha e vai para fora tentar limpar. Quando abriu a porta dos fundos, encontrou o cachorro morto, seu peito perfurado e com um vazio no local do coração. Enila ficou apavorada com a cena, num primeiro momento pensou ter sido obra de algum assaltante ou pessoa mal intencionada. Katrin acalma-se e vai dormir. Devido ao susto, Enila nem se importa com a boneca suja, limpa e devolve para sua filha. A notícia se espalhou e todos pensavam ser algum maníaco rondando a vizinhança. Desde este dia a vida das duas tornou-se atormentadora, noite após noite, acontecimentos estranhos começaram a ocorrer na humilde casa. Armários abriam misteriosamente, objetos desapareciam e sons estranhos deixavam o ambiente aterrorizante. Enila não sabia mais o que fazer, sua única saída foi pedir para que sua irmã e sobrinha viessem ficar por um tempo na casa delas, pois com mais pessoas elas ficariam seguras. Por dois meses a situação ficou calma. O ano já era início do ano de 1947, o novo hospital da cidade iria inaugurar, muita expectativa rondava aquele povo, pois grande tecnologia foi utilizada naquele local. Katrin continuava sendo a mesma menina calada e séria de sempre, nunca havia falado mais do que duas palavras com sua prima Malina, que tinha a mesma idade. Malina sempre quis brincar com a boneca de Katrin, mas sempre foi rejeitada por ela. Num domingo, todas vão dormir logo cedo. No meio da noite Enila sente um cheiro de fumaça, se levanta e depara-se com sua cozinha em chamas. Todos os vizinhos acordam e correm para ajudá-la. Próximo a porta de saída encontram a boneca de Katrin, levemente queimada, mas sem grandes estragos. Enila estranha e decide jogar o brinquedo fora. Após passar o susto, todos voltam a dormir. No dia seguinte, Enila encontra Katrin dormindo com a boneca que ela tinha jogado fora. Enila cala-se e começa a desconfiar de sua filha, pois ela era perturbada e misteriosa. Em um dia que Katrin estava em outro cômodo da casa, Malina pega a boneca de sua prima e começa a brincar. Katrin retorna e encontra sua prima com a boneca. Revoltada, pela primeira diz uma única frase. "- Você irá se arrepender por isso!" Malina solta o brinquedo e vai de encontro à sua mãe. Naquela noite daquele mesmo dia, novos acontecimentos estranhos tiveram início desta vez quem gritava muito era Malina que dormia no mesmo quarto que Katrin. Enila e sua irmã correm para ver o que estava acontecendo. O choque foi grande ao ver Malina morta e também com um buraco em seu peito. O olhar de Katrin era intenso, ficou parada em pé com a boneca em sua mão direita olhando para o corpo da menina. Suas mãos estavam sujas de sangue assim como a boneca. Enila não conseguia acreditar que sua filha havia matado sua própria prima. Espanca a menina, que não teve nenhuma reação. Katrin permaneceu dois meses acorrentada na cama, até que o novo hospital fosse aberto ao público. A mãe de Malina foi embora e nunca mais deu qualquer notícia. Enila chorava muito, mas internar Katrin era a única solução. A boneca foi mais uma vez retirada das mãos da menina. Já internada no hospital, Katrin recusava-se a usar as roupas dos internos e continuava com seus trajes pretos. Mais um mês se passou. Katrin estava piorando a cada dia, queria de qualquer forma sua boneca de volta. Os médicos acharam melhor que ela tivesse seu desejo realizado. Enila assim o fez, no dia da visita quis entregar pessoalmente e ficar a sós com ela. Depois de uma hora, os médicos acharam estranho o silêncio e a demora, abriram a porta da sala: Katrin havia matado sua própria mãe e com as próprias unhas arrancou seu coração e comia como se fosse um saboroso doce. Os médicos ficaram abismados com o que viram. Katrin foi novamente amarrada e sedada. A notícia se espalhou, todos na cidade temiam a menina e principalmente sua boneca, pois muitos acreditavam ser um objeto amaldiçoado. Mais dois meses se passou, a aparência de Katrin era horrível, com muitas olheiras, cabelos negros e compridos. Os médicos e enfermeiras a temiam, eram poucos os que chegavam perto dela. Toda a equipe achou por bem retirar novamente a boneca de suas mãos. Neste dia a situação se complicou. Katrin dava gritos, e negava-se a entregar seu brinquedo. Mesmo lutando, a boneca foi levada para o incinerador. No exato momento em que foi jogada no fogo o prédio do hospital também começa a arder em chamas. Em segundos o fogo se alastrou, a ala das crianças foi atingida, ninguém conseguiu fazer nada. Centenas de pessoas morreram naquele dia. Katrin também foi carbonizada, poucos se salvaram. Mesmo com a grande tragédia, muitos se alegraram ao saber que Katrin havia morrido, pois assim davam por encerrada as ações macabras daquela menina.
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Um amigo de Kur, estranha a demora de seu amigo, ao procurar por todos os andares do hospital, encontra sua câmera caída e logo em seguida seu corpo, com uma grande perfuração no peito. As fotos de Kur são reveladas, mas o temor foi enorme ao constatarem a presença de uma menina vestida de preto na foto. Muitos estudiosos se interessaram pelo assunto e acabaram loucos e internados em clínicas e hospitais onde juram ver a mesma menina da foto. Os moradores de Santem, afirmam que o espírito de Katrin ainda vive. A ala onde ela foi internada acabou sendo desativada. A lenda de Katrin espalhou-se pelo mundo, sua foto foi julgada como montagem e a verdadeira história desapareceu com o passar dos anos. O único mistério não revelado e nunca descoberto, foi o poder que sua boneca exercia, mas ela nunca passou de um simples brinquedo. Katrin era má e a morte de seu pai fez com que nela brotasse poderes psíquicos que eram capazes de alterar o curso natural da vida. Seu espírito permanece imortalizado em sua única foto, Katrin ainda vive na mente das pessoas que a observam por muito tempo.

[Conto] Vudu

de Fernando Loggar
Desde os tempos antigos a magia negra é utilizada por pessoas que desejam realizar o mal para seus inimigos. Bonecos, objetos pessoais, partes do cabelo são recolhidos para o ritual. Na escola de Mirela, de apenas 16 anos, a professora de história pediu para que seus alunos fizessem um trabalho sobre antigos rituais. Vários temas foram passados e o preferido dela foi o Vudu. Já ouviu falar disto, mas nunca se interessou em pesquisar mais afundo. Junto com mais três amigos: Peter, Juliana e Andréia foram para a biblioteca juntar material para o trabalho. A pesquisa foi frustrante já que nada de muito interessante foi encontrado, com isso decidiram ir para a casa de Juliana para procurar algo mais interessante na internet. Foi tudo muito rápido, logo nas primeiras páginas de busca encontraram um site que parecia especificar bem o que eles queriam. Reuniram um bom número de informações, mas ainda queriam algumas imagens especiais. Com um pouco mais de esforço acharam um site diferente e que chegava a dar medo em algumas pessoas. Para entrar era necessário a inclusão de um cadastro no qual vários dados pessoais eram pedidos. Peter quis demonstrar coragem e fez seu cadastro, em poucos instantes recebeu a confirmação no seu e-mail com seguinte mensagem: "Bem vindo ao Vudu, novos caminhos serão descobertos a partir deste site. Você vai se impressionar com o que verá em nossas páginas. Sua senha é o nome daquele que você ama ao contrário" A interpretação desta mensagem poderia ser feito de diversas maneiras, Peter ficou pensativo e logo colocou o nome de uma menina de sua sala, escrito ao contrário. No site a senha foi inválida e de pois de dezenas de tentativas ele chegou em seu próprio nome que escrito ao contrário seria RETEP, tudo aquilo parecia uma brincadeira interessante e diferente. Analisando o conteúdo do site acharam todas as dicas interessantes, e isto acabou despertando a imaginação deles. O vudu poderia ser interessante para conseguir as coisas de maneira fácil e rápida. Mirela foi a primeira a se empolgar e logo estava querendo ¿brincar¿ com uma colega de sala de quem ela não gostava. Peter, Andréia e Juliana não gostaram muito da idéia, mas por curiosidade aceitaram fazer o desafio. No dia seguinte conseguiram pegar alguns objetos pessoais da menina e correram para a casa ligar o computador e novamente com o login e senha de Peter, conseguiram entrar no site, ali teriam instruções de como realizar o ritual. Era algo novo e divertido. Seguiram passo a passo: Fizeram um boneco com argila e nele amarraram os objetos da menina. Depois de uma estranha oração, fizeram com o boneco o que eles desejariam que acontecesse com a menina. No começo fizeram coisas simples, era bem divertido, no final de tudo Mirela brincou, duvidando do poder da magia, disse que iria arrancar a cabeça da boneca para ver se tudo aquilo era mesmo verdade. Depois de tudo Peter voltou a checar seu e-mail e viu uma nova mensagem que estava escrito: "Vocês estão dentro do jogo, preparem-se para as novas etapas". Aquilo parecia um spam, como de costume não deram importância. No dia seguinte, na escola, não se falava em outro assunto a não ser a morte de Amanda, a menina que aquele grupo de amigos não gostava. Ao saberem da notícia, Peter, Mirela, Andréia e Juliana ficaram impressionados e ao mesmo tempo preocupados, pois pensavam que seria culpa deles. A situação ficou ainda pior quando tomaram conhecimento do motivo de sua morte. Havia sido atropelada na tarde anterior e que seu corpo estava dilacerado, principalmente a cabeça que despregou do restante do corpo. Os quatro amigos estavam apavorados, sentiam-se culpados pelo ocorrido. Na escola, todos ficaram aterrorizados com os acontecimentos. Por estar difícil conseguir concentração, o diretor decretou luto e dispensou seu alunos. Peter sugeriu que eles se reunissem de novo. Novamente no site, Peter digitou sua senha, que por diversas vezes acusou como inválida. Checando seu e-mail leu novamente a mensagem sobre a senha, mas desta vez, foi interpretada de modo diferente. Pois ¿Amar ao contrário¿ significa odiar, e ao que tudo indicava a senha para a entrada no site teria mudado, e o nome seria então Amanda. Todos estranharam este fato, e gelaram ao visualizar a página novamente. As fotos do acidente de Amanda estavam on-line, as cenas foram tão fortes que logo Mirela e Juliana começaram a passar mal. No rodapé da página, mais uma mensagem estava sendo exibida: ¿O Vudu agradece a atenção e o sucesso do ritual de vocês. Uma nova tarefa será passada em breve¿. Peter tentava cancelar seu cadastro, mas a página dava erros constantemente. Todos ficaram intrigados e cada um decidiu ir para sua casa, marcaram um novo encontro na noite do dia seguinte. Desta vez a situação ficou mais graves, pois as instruções do site diziam que cada um deveria fazer um boneco de si próprio. O medo foi maior que a coragem de deixar a brincadeira. Os garotos estavam preparados para o ritual de vudu, reunidos em circulo e sentados no chão. O celular de Peter toca, ao atender uma voz estranha diz que a brincadeira iria começar e que receberia em seu e-mail várias instruções para concluir o processo. Peter recebeu o primeiro e-mail, nele dizia que Juliana deveria apertar a perna de seu boneco. A menina obedeceu, e ao fazer isto sentiu uma enorme dor em sua perna. Logo após isto, um novo e-mail chegou e desta vez pedia para que eles trocassem de boneco. Novos e-mails foram chegando e a brincadeira continuava igual até o momento em que novas instruções diziam que Mirela deveria furar um dos braços do boneco que correspondia à Peter. Mirela realizou o pedido, com uma agulha fez um orifício no braço direito do boneco. Instantaneamente Peter começou a sentir forte dores. Um machucado começou a se formar sobre a sua pele. O garoto entrou em pânico ao ver o que acontecia com ele, Mirela chorava muito mas algo fazia com ela não parasse . Peter começava a sangrar muito, os amigos ficaram desesperados, e misteriosamente ninguém conseguia se mexer. Os braços e pernas estavam imóveis. A situação ficou desesperadora, o Vudu era pior do que eles poderiam imaginar. O que era para ser um simples trabalho de escola, tornou-se uma experiência mortal. Pouco a pouco eles foram se mutilando. Nada e ninguém fazia com eles parassem. O site de onde eles foram induzidos ao ritual, não podia ser acessado novamente. Sempre aparecia como inexistente. Na roda, muito sangue permanecia no chão, um cenário pavoroso estava criado naquele ambiente. Mirela, teve parte de seu rosto desfigurado, Peter perdeu seu braço, Juliana não poderia andar mais e Andréia ficou cega e sem movimentos na mão esquerda. Um ano se passou os quatro amigos nunca mais se falaram. Cada um seguiu seu caminho. Apenas um fato se tornou intrigante, a professora deles estimulava seus alunos aos trabalhos sobre vudu. Tempos depois aquele mesmo site retornou, e várias pessoas diziam que ele pertencia à uma mulher muito inteligente que se dedicava a ensinar crianças.

[Conto] Uma Noite Com o Demônio

Escrito por Fernando Loggar
Suzana, Henrique, Pedro e Alexandra todos na faixa dos 20 anos, estavam cansados de viver na rotina, eram amigos desde os 15 anos quando estudaram na mesma sala. Desde então experimentaram de tudo juntos, mas o que realmente foi um acontecimento trágico foi o ínicio do uso de drogas.
No início dos anos 90 as drogas estavam se tornando algo comum entre a sociedade e classe média. Depois de um período de dependência, estavam com dificuldades de arranjar um local para poder usar drogas, até que Suzana a mais ousada e corajosa dos amigos sugere que eles deviam ir para um cemitério que não possuia guardas e nem vizinhos que pudessem denunciar os quatro amigos. Todos ficam meio assustados com a idéia mas topam o desafio.
Chega a noite de sexta-feira, Suzana, Pedro e Alexandra entram no carro de Henrique e partem para uma cidade no interior de Minas Gerais para irem ao tal cemitério. A cidade era bem próxima e em menos de meia hora já estariam lá.
Chegando eles descem do carro e ficam parados em frente ao cemitério que estava na escuridão.
Suzana faz com que todos entrem naquele lugar apavorante, pois lá não poderiam ser vistos por ninguém. Suzana sempre foi a mais rebelde e também ela que fez com que os amigos entrassem no mundo das drogas, mas por outro lado ela era muito atenciosa e fiel à suas amizades.
Alexandra a mais comportada dos quatro, sente medo e diz que quer voltar, mas ninguém liga para seu pedido e continuam caminhando em direção a uma pequena cabana abandonada que ficava em um morro no final do cemitério. Suzana diz que ninguém entra ali há muitos anos.
Era uma noite quente de verão, mas estranhamente Alexandra sentia frio e reclamava com seus amigos, Suzana fala para ela calar a boca e continuar andando pois não teriam a noite toda para jogar conversa fora.
Pedro fica ao lado de Alexandra e juntos contiuam a caminhada em direção aquela cabana misteriosa e solitária no alto do morro.
Após quinze minutos de caminhada, finalmente chegam ao seu destino. Henrique dá um chute na porta velha que imediatamente se abre. Alexandra continua amedrontada e Suzanda grita com ela e diz que se ela pular fora agora estará perdida pro resto de sua vida.
A cabana estava escura e isso dificultava a visão dos objetos que a casa possuía. Mesmo assim os quatro se sentaram no chão da sala e começam o uso descarado de alguns tipos de drogas.
Já passava da meia noite quando Pedro e Henrique escutam algo caminhando em volta da casa, as moças se assustam e pedem para que eles saiam e vejam quem estaria lá fora. Pedro com uma faca e Henrique com um pedaço de madeira saem e dão uma olhada no lado de fora e não viram nada. Alexandra começa a gritar e fala para irem embora mas novamente todos negam e falam que vão ficar lá até de manhã e que é para ela se acalmar. Henrique arrasta uma mesa que estava na sala e coloca em frente a porta de entrada, assim caso houvesse alguém ali eles poderiam ficar mais seguros.
Com o passar das horas todos caem e dormem no chão mesmo.
Alexandra sente vontade de ir no banheiro, como a casa não possuía um ela saiu por uma janela e foi para fora. Depois de fazer suas necessidades escuta um estranho barulho que parecia segui-lá e quanto mais ela corria mais o barulho a perseguia, quando tentava pular a janela para entrar na casa, algo a puxa pelo pé e a leva para o cemitério. Seus gritos eram ouvidos a distância e fez com que seus amigos acordassem. Estranhamente Suzana não estava na casa. Pedro e Henrique correm para fora e começam a ter alucinações, tudo parecia diferente e viam pessoas correndo em direção ao cemitério. Com medo eles voltam para dentro e trancam a porta novamente. Neste momento os gritos já haviam parado e Suzana dormia tranqüilamente no chão. Henrique acorda Suzana e pergunta onde estava, ela diz que tinha ido fazer xixi no lado de fora da casa. Pedro a questiona sobre os gritos de Alexandra, Suzana diz que não houviu nada e que ela também deve ter ido no mato fazer alguma necessidade. Os amigos não tinham certeza do que tinha acontecido pois ainda estavam sob o efeito de drogas. Calmos eles se deitam e dormem novamente.
Uma hora depois Pedro abre seu olhos e acorda com uma estranha luz verde, ao olhar para o teto ele vê um corpo pendurado.
Sem conseguir gritar de tanto medo, começa a sacudir Henrique para que ele também veja. Bem na hora em que Henrique acorda o corpo e a luz haviam desaparecido. Herique diz que ele estava sonhando, mas Pedro continuava a acreditar que aquilo era real. Suzana também acorda e oferece mais drogas assim os três poderia dormir mais sossegados.
Com o susto e o uso de drogas os amigos esqueceram do desaparecimento de Alexandra.
Pedro quando estava fumando, olha para Suzana e vê sangue em suas mãos, ela esclarece e diz que estava menstruada naquele dia e não tinha absorvente naquele momento. Novamente os amigos caem e dormem.
Alexandra desapareceu no momento que estava correndo no meio dos túmulos do cemitério.
Por volta das duas da manhã todos novamente acordam com um estrondo na porta, Pedro olha e vê um homem vindo na direção deles. O estranho era que apenas ele conseguia ver o tal homem que o chamava para fora. Henrique e Suzana dizem para ele se acalmar que deveria estar imaginando coisas. O barulho na porta deveria ter sido causado por um forte vento. Pedro olha fixamente para a entrada e não vê mais nada.
Todos já estavam ficando apavorados com os acontecimentos e agora estavam lembrando do sumiço de Alexandra e foi exatamente aí que Suzana começou a rir, pois imaginou que Alexandra estava pregando sustos neles.
Depois dos ânimos acalmados Pedro escuta alguém chamando por ele no lado de fora da casa, curioso ele segue o chamado que o levou até o antigo necrotério que ficava próximo ao cemitério. Ele olha pela janela e vê um homem que parecia estar sendo operado chamando por ele.
Pedro entra em estado de pânico ao ver aquela cena aterrorizante, tenta correr, mas suas pernas estavam travadas. Na tentativa de fuga ele escorrega em um barrando em cai em lugar onde inúmeras estacas utilizadas para se fazer cruz para os túmulos estavam. Começa a tentar sair daquele lugar mas novamente escorrega só que desta vez ele cai exatamente em cima de uma ponta afiada.
O golpe foi fatal e sua morte instantânea.
Suzana acorda e vê que estava sozinha com Henrique, acorda ele também e diz que estava com desejo de ter relações íntimas e que sempre o amou secretamente. Henrique assusta-se mas rende-se aos encantos da bela Suzana. Antes da relação eles fumam um pouco para relaxarem e serem mais espontâneos. Começam se beijando e acabam se amando. Conforme iam se abraçando e se sentindo, Suzana pegou um pedaço de madeira e fincou na costa de Henrique. Ele não consegue se levantar e começa a gritar por socorro. Suzana diz que esse é o amor que ela sente por ele.
Henrique cai morto no chão.
O dia estava quase amanhecendo e um homem que passava em frente ao cemitério escutou os gritos de Henrique e chamou a polícia.
Suzana senta-se na cabana e rindo muito ao lado do corpo de Henrique começa a utilizar drogas injetáveis.
A Polícia chega se depara com Henrique ensangüentado e morto e ao seu lado Suzana. Eles a pegam pelos braços colocam algemas e começam a levá-la para o camburão. Um dos policiais encontra o corpo de Pedro ao lado do necrotério que havia sido demolido na década de 30. Suzana ria compulsóriamente.
Quase na saída do cemitério um policial olha para seu lado e vê escrito em uma lápide o nome junto com a foto de Suzana que estaria morta desde 1918. Olhando em seus documentos os policiais confirmaram o sobrenome. Também intrigados decidem abrir o túmulo para garantir que não seria nenhuma brincadeira. Ao abrir encontram o corpo de Alexandra completamente desfigurada e sem sua pele.
Os policiais nada entendiam, pois segundo a lápide Suzana havia morrido aos quinze anos quando naquele mesmo local entrou para brincar.
Suzana continua rindo como uma voz grossa e misteriosamente desaparece.
Tudo o que aconteceu com os jovens foi resultado do uso de drogas, eles tendo alucinações acabaram se matando.
Mas um mistério ninguém soube responder. Quem era Suzana?

[Conto] Oi Mamãe!!

Escrito por Orivaldo Leme Biagi
Um carro aproximou-se da imensa casa rodeada de árvores. O portão, automático, abriu-se e o carro rapidamente entrou iluminado por um raio muito intenso seguido de um trovão retumbante. A chuva começaria logo, mas parecia não importar à mulher dentro do carro. Depois de seguir uma pequena pista feita de pedras, ela estacionou o carro na frente da imensa casa. A chuva começou lentamente e alguns pingos a atingiram. Seu rosto triste mostrava que ela nada tinha sentido.
Dentro da casa a mulher dirigiu-se ao bar, encheu um copo com uísque e sentou-se no imenso sofá na sala. Vieram outros raios e trovões, seguidos de uma forte chuva. A mulher pegou um retrato sobre uma mesinha perto do sofá, que continha a fotografia de um menino, com aproximadamente 10 anos de idade. Ela tomou um longo gole de uísque e algumas lágrimas escorreram de seu rosto. Ela encostou o retrato no seu peito e começou a chorar mais forte.
O barulho da chuva caindo e o soluçar da mulher retumbavam por toda a casa, sendo que seu soluçar parou pelo tocar do telefone. Ela pegou o telefone.
- Ah, é você! – respondeu a mulher, com desprezo. – O que você quer? COMO? Você quer saber se estou bem? CLARO QUE NÃO! Só um medíocre como você poderia perguntar algo assim depois do que aconteceu... NÃO ESTOU GRITANDO! E, sim, ESTOU BEBENDO, SIM! Não é da sua conta o que eu faço... O QUÊ? Como ousa dizer isto, seu CANALHA! Mais do que ninguém EU O AMAVA! NÃO ME FALE DAQUELE DIA!!! DEIXE-ME EM PAZ! – e desligou brutalmente o telefone, indo até o bar para encher o copo com uísque novamente.
Voltou-se a sentar no sofá, exatamente como estava sentada antes do telefonema. E segurou o retrato exatamente como tinha segurado antes. Seu soluçar ficou mais alto e suas lágrimas aumentaram.
- Não fui eu, amor! Não fui eu! – ela falava, entre um gole e outro de uísque, entre uma lágrima e outra que caía a cada soluçar. Raios, trovões e chuvas completavam o som do local. Logo, ela adormeceu.
Um trovão muito forte a acordou. Tudo estava apagado, pois a energia elétrica havia acabado por causa do mau tempo. O copo, vazio, estava caído no chão. O retrato ainda estava no seu peito. Ela levantou-se, ainda zonza e com dor de cabeça, sem saber para onde queria ir. Um raio iluminou a sala e ela, intrigada, viu a figura de um menino. O mesmo do retrato.
- Oi, mamãe! – disse o menino, com uma expressão vazia no rosto.
Ela abriu os olhos e sorriu. Não estava mais zonza nem a cabeça doía mais. Ela correu até o menino e o abraçou, ajoelhando-se. Abraçou com muita vontade.
- Meu filho! MEU FILHO! É você, não? Sim, É VOCÊ! Pensei que jamais o viria outra vez! – e abraçava forte o menino, que, por sua vez, não mudava a expressão vazia do rosto. – Estava com saudades de você, meu filho! – disse a mulher, chorando e rindo ao mesmo tempo.
- Eu sei, mamãe! – disse o menino sem maiores emoções. – Estou aqui como você queria.
Ela chorava muito e o abraçava com força.
- Andou bebendo de novo, mamãe? – perguntou o menino com frieza.
Ela olhou para ele com os olhos cheios de lágrimas.
- Não importa! – ela disse. – O que importa é que você voltou!
Ele manteve-se impassível enquanto andou para o centro da sala, desvinculando-se do abraço dela.
- Naquele dia você bebeu, mamãe! Lembra-se? – ele disse, olhando para o copo caído no chão. – Você e papai brigaram feio na cidade e você me trouxe para cá. Você bebeu muito naquele dia!
Ela levantou-se e, parando de chorar, olhou com preocupação para o menino.
- Por que você está falando estas coisas? Aquele dia passou e você está aqui!
- Aliás, você sempre bebeu! – continuou dizendo o garoto, sem emoções. – Desde que me conheço por gente! Nossa vida sempre foi ver você beber e brigar com papai ou brigar com papai e beber. Sempre a mesma coisa.
Ele pegou o copo do chão e o olhou profundamente. Viu ainda um pouco de uísque no seu interior. - O que isto tem que eu nunca tive, mamãe? – perguntou o menino. – Meu sorriso, minhas notas na escola, minhas brincadeiras... nada disso conseguia fazer você olhar para mim – você sempre olhou para isto!
Ele continuou olhando para o copo.
- Naquele dia, vindo para cá, tudo ficou escuro por um momento... lembro muito pouco daquele dia. – disse o menino. – Na verdade, a única coisa que me lembro bem foi o seu cheiro disto antes de tudo ficar escuro, mamãe!
- Meu amor! – disse a mulher, aproximando-se do menino, tirando o copo de sua mão, abaixando-se para poder olhar dentro dos seus olhos. – Tudo isto passou, meu amor! Errei muito antes e jamais te dei o amor que deveria ter te dado... mas, agora, com a sua volta, tudo será diferente! Aquele dia acabou e não acontecerá de novo! Não é tarde, meu amor! Tenho outra chance para te dar todo o amor que jamais te dei! Ainda não é tarde!
Pela primeira vez na noite, ele sorriu. Mas ela ficou mais assustada do que propriamente calma com este sorriso. Seu sorriso era aterrorizante, não confortador.
- É tarde sim, mamãe! – respondeu o menino. – Mais tarde do que você imagina!
Ele começou a pular pela sala, gritando histericamente “MAMÃE! MAMÃE! MAMÃE!”, enquanto que os raios, trovões e a chuva continuavam inabaláveis.
- Meu amor, o que aconteceu? – disse a mulher, chorando.
- Você nunca me amou, mamãe! – respondeu o menino, ainda pulando. – Jamais amou alguém!
- EU TE AMO!!! – ela gritou.
Ele parou de pular e a olhou profundamente.
- Não me amou quando eu estava vivo... como poderia me amar agora? – e, no final destas palavras, ele sorriu. O mesmo sorriso aterrorizante de momentos atrás.
Ela parou de chorar e, paralisada, tentou entender as palavras de seu filho.
- Você me matou naquele dia, mamãe! – respondeu o menino, iluminado por um raio. – Desde que você saiu do hospital que não se conforma com isto e vive me chamando... não quis vir aqui, mas tinha de vir depois de tantos chamados.
Ela estava paralisada.
- Não quis vir porque te odeio, mamãe! – ele respondeu. – Mas estou aqui, certo? Vim aqui para te pegar! – ele disse, sorrindo. – Vamos brincar de esconde-esconde? Nunca brincamos disso! Enquanto eu me viro na parede e começo a contar até 50 e você vai se esconder e eu vou te achar... para sempre!
Ele encostou o rosto na parede e começou a contar, falando os números bem alto. Ela, aterrorizada, começou a correr. Subiu as escadas, entrou no seu quarto e fechou a porta, passando a chave com afobação.
- Perdoe-me, meu amor! Meu filhinho amado! – ela, ajoelhada na porta do quarto, falava chorando.
- Eu vou te achar, mamãe! – o menino disse, com sua voz bem perto da porta. A maçaneta da porta começou a ser mexida com força. Ela afastou-se da porta, andando de costas.
- TE PEGUEI, MAMÃE! TE PEGUEI!!! – gritou o menino, surgindo atrás da mulher! – Agora estaremos juntos... PARA SEMPRE!!!
O menino estava diferente: seu rosto apresentou-se deteriorado, assim como seu corpo, sendo que suas roupas estavam rasgadas e sujas. Este era sua verdadeira forma agora.
Ela, horrorizada, não viu a janela nas suas costas e caiu, dando um longo grito de agonia.
O menino, olhando pela janela o corpo de sua mãe no chão, comentou:
- Estaremos sempre juntos, mamãe! – disse o menino, com a expressão do rosto, todo deteriorado, indiferente. – Juntos no INFERNO!!!
A chuva continuou junto dos raios e trovões. E a mamãe e seu filho ficaram eternamente juntos... no INFERNO!

[Conto] Flor de Plástico, Flor de Carne

Escrito por Matheus Ferraz
Me olhei no espelho e perguntei a mim mesma: era mesmo isso que eu queria? Não poderia confiar apenas na palavra dele?Não. Definitivamente não. Precisava saber.Olhei para meu rosto uma última vez antes de começar. Todos sempre diziam que eu era muito bonita. Meu cabelo chamava a atenção de todos. Meus olhos eram de um violeta muito raro. Meu rosto era o de uma boneca de porcelana.Chega! Se eu continuar pensando assim, nunca vou ter a coragem.Peguei a máquina de aparar cabelo e passei sobre minha cabeça. Minhas madeixas ruivas começaram a despencar no ladrilho azul do chão do banheiro. A máquina avançava podando minha cabeleira. Continuei até ficar careca.Depois peguei a navalha e cortei minha orelha esquerda. Parei no meio do caminho: a dor era insuportável. Estava chorando. Mas não podia parar. Tinha que ter certeza.Avancei com a navalha serrando cegamente a cartilagem. Gritei. Gritei de novo. Continuei. Finalmente, a orelha saiu. Eu estava berrando àquele momento. Tomei bastante analgésicos. A dor foi se amortecendo, mas não chegou a parar.Cortei pedaços do meu rosto com a navalha. A carne se abria e ardia muito. Quando a dor se tornou insuportável, tomei um comprimido de morfina que havia roubado do hospital. Continuei tirando nacos de carne da minha face. Estanquei o sangramento e fiz alguns pontos.Olhei para meus olhos. Era tudo o que havia me restado de belo. Com a gilete vazei um deles. Pude senti-lo escorrendo, esvaziando minha órbita. Tive de deixar um para enxergar.Pronto. Havia terminado. Havia me tornado um monstro. Agora confirmaria se o que Michael me disse era verdade.Ele me disse que não gostava de mim por atração física. Agora eu teria minha prova.

[Conto] Antropofagia

Escrito por Marius Arthorius
As lembranças daquele sorriso iluminado pelo sol do meio dia. Imaculadas imagens fixas em sua memória. A cena repetia-se em sua mente enquanto deslocava-se por entre o pasto. Rumando de volta para a casa da fazenda. Os campos ora verdejantes, ora dourados se estendiam até o horizonte. Entremeados por pequenos capões de mata, em que as araucárias e o canto dos grimpeiros marcavam presença.Em meio a tal paisagem paradisíaca. Cortada pelos gélidos ventos do inverno que se aproximava. Havia sido ali. O local escolhido para realizar seu ato tão sonhado. E aquele sorriso permanecia em sua memória. O último sorriso que ele teve oportunidade de dar em sua vida. Ela estava satisfeita. Saciada, pois um de seus mais profundos desejos haviam sido realizados. Em meio as lindas paisagens dos campos sulinos. Longe de tudo e de todos.Tudo que restou do homem que um dia a amou, era aquele sorriso. Um grande e estampado sorriso, nada além disso em sua face.
* * *
Algumas horas atrás...Passava pouco do meio-dia quando o casal resolveu sair para uma caminhada em meio aos campos após o almoço. Nenhuma nuvem no céu, apenas o sol forte e radiante. Emanando todo seu calor e radiação que faz a vida seguir seus infindáveis ciclos através das eras. Tempo além do que qualquer pessoa consegue imaginar de forma adequada. Devido a insignificância do curto período de tempo de vida que todos possuímos.Andaram por mais de uma hora, de mãos dadas, inspirando o ar puro dos campos. Dançando entre o doce aroma das flores. Porém, sem nenhum motivo aparente, ela desmaiou. Caída no chão, inconsciente. Ele em desespero tentou ampará-la. Tudo em vão. Nada surtia resultados. A partir de tal momento, tudo na mente dela, passou ser acontecimentos incertos. Lembranças vagas. Pedaços desconexos de tempos passados. Oriundos da doce felicidade por ela experimentada.Não demorou muito e ela acordou ouvindo aquele zumbido ensurdecedor, sua cabeça latejando. Parecendo que explodiria a qualquer momento. O mundo não mais lhe agradava. As folhas do pasto pareciam furar-lhe a pele como agulhas e facas. O sol parecia queimar sua pele impiedosamente. E o rosto dele, antes imaculado, olhando para ela. Agora parecia um cadáver em sua frente. Um pedaço andante de carne que deveria ser devorado.Em seu rosto ele ostentava preocupação, buscando palavras para tentar consolá-la. Para ela, o som das palavras pareciam sinos ensurdecedores badalando em seus ouvidos. Arrebentando a estrutura de seus tímpanos. Ela berrou, e ele que estava abaixado ao lado do corpo dela. Acabou por cair sentado com o susto. Ela continuou a berrar, afinal naquele local ninguém ouviria seus gritos. Deitada no chão, começou a arranhar seu próprio rosto. Cravando as unhas em sua própria face. Rasgando, dilacerando, rompendo as estruturas de sua pele. Demonstrando que por dentro somos todos iguais. Expondo o vermelho infernal que compõe nossos corpos. O sangue começou a escorrer. Tornando rubra as partes intactas de pele facial. Ele tentava segurá-la, numa tentativa fútil de que ela parasse de ferir a si mesma. Tentando libertar-se do homem que tanto a amava, ela chutou suas genitálias e ele rolou para o lado. Lacrimejando, tamanha era a dor que emanava de entre suas pernas. Enquanto ele lamentava-se e xingava, a mulher levantou-se, com sangue gotejando de sua face.O rosto profundamente marcado por arranhões. Olhava fixamente para o homem em sua frente. O homem que algum dia ela poderia ter amado. Entretanto, no momento, ela havia perdido o controle sobre si mesma. Libertando o animal descontrolado que existe dentro de todos nós. Ansiando por sangue e carne fresca. Um predador que espreita todas as nossas atividades. Oculto sob o manto da lucidez e da consciência. Assim o denominamos de instinto. Quando em liberdade chamam-no de loucura. E quem teria sã consciência de afirmar certamente o quê é a loucura. Se não nossos mais profundos desejos, enraizados na escuridão de nossas mentes.Ela veio à fazenda visando dar continuidade ao seu tratamento psiquiátrico. E a única coisa que realmente fez foi abandonar o uso de seus remédios. Enganando o homem que a amava e que tanto preocupava-se com ela. E agora estava em meio a um surto psicótico, uma alucinação em que a mente domina o “eu”. Perdendo-se o controle sobre si mesmo. Libertando nossos demônios. Ele recuperou-se da dor e levantou-se. Indagando-a se tudo estava bem. Para ele nada estava bem. Para ela, no entanto, tudo corria de forma maravilhosa. Um doce sonho de uma noite de verão. A mulher inclinou sua cabeça para a esquerda, lambendo seu próprio sangue. Sentindo o sabor de inicio doce e levemente salgado no final. Néctar da vida, regando nossos corpos. Encarou-o com um olhar vago, e após, inclinou a cabeça para trás. Olhando para o sol. O astro maior ao qual devemos nossas existências. A divindade materializada que todos os povos louvaram ao longo da história da humanidade, denominando-o de diferentes formas e criando diferentes seres para sua personificação imaginária.Olhou para o homem novamente, que encarava-a assustado. Ela sorriu, demonstrando os dentes sujos de sangue, e ele retribuiu. No que ela rapidamente pulou sobre ele. Derrubando-o no chão.
- Seu maldito centurião! – gritou a mulher – Não irás invadir minhas terras carnais com seu corpo impuro.
Caídos no chão, ele tentava se livrar dela. E esta, cravou seus dedos nos olhos dele. Perfurando e esmagando os mesmos. Ele viu sua visão distorcer-se até sumir por completo. Quando uma dor irradiou de seus olhos. Ele urrou de dor, e acertou a mulher com um soco.
- Não me amas mais? – indagou a mulher – Esqueceu-se de sua promessa? De me amar na doença e na felicidade até que a morte nos separe?
- Sua louca! Veja o que você fez comigo! – ele estava ajoelhado, gemendo de dor. Com as mãos amparando os buracos em que encontravam-se duas massas inertes, que poucos segundos antes foram seus olhos.Ele não percebeu a aproximação dela. Indo em sua direção com uma grande pedra nas mãos.
- Amor meu, em sua face reluz nosso amor. Sem tu não podereis viver. E dos prazeres ofertados por sua carne, vísceras e ossos, eu quero provar. – falou a mulher calmamente.Ele virou o rosto na direção da voz. Ela então ergueu a pedra e acertou-o na cabeça. Fazendo-o cair lateralmente sobre as macias gramíneas.
- E agora, eu vos ofereço, fruto da minha carne e meu sangue. Comam e bebam, pois aqui está o messias. – falou a mulher enquanto gargalhava.
* * *
Ele acordou de sua inconsciência, pela dor de sentir seus braços e pernas serem quebrados. Gritou, chorou, esperneou. Nada adiantou. Não conseguia sair do lugar. Apenas escutava as risadas da mulher. Se ele ainda possuísse olhos, a cena que veria agora faria-o vomitar. Ela havia tirado as roupas do homem. E, ajoelhada ao seu lado. Curvou-se sobre o abdômen dele. Arrancando com a boca três nacos de carne das redondezas do umbigo do homem. Três rápidas e vorazes mordidas. Sangue rubro rapidamente flui pelos locais das mordidas. Enquanto ele tremia e gritava. Sem conseguir sair do lugar.
- Pois então, comeremos e beberemos de tua carne. – falou a mulher. Ele gritava suplicante, e até suas cordas vocais começaram a falhar. A mulher com o rosto todo arranhado. Agora pintava sua própria face com o sangue que escorria do homem. Ela esfregava o rosto sobre as mordidas no abdômen dele. Por vezes, lambendo-as e beijado-as. Aprofundando sua língua na carne do homem que tanto a amava. Enquanto ele tossia afogando-se com sua própria saliva em desespero. Então assim era pressentir a morte. Saber que após ela nada existiria, apenas apaziguava o sofrimento. O completo vazio, sem nada sentir. A escuridão completa, e degradação do “eu”.Ela deitou-se sobre ele.
- Calma querido. Tudo vai terminar bem.

Beijou o homem. Primeiro em sua boca. Depois fez sua língua passear pelos buracos em que antes haviam os olhos. Ele não conseguia mais gritar, apenas gemia. Tentando proclamar palavras que não faziam nenhum sentido. Só lhe restava esperar pela dama de trajes negros que livraria ele de toda a dor e sofrimento que no momento passava. A dama que todos temem, mas que não conseguimos viver sem sua presença. Pois no âmago de nossos sentimentos, todos sabemos, que ainda nos deitaremos com ela. O corpo todo do homem estremeceu, sua hora chegou e passou. A vida deixou seu corpo. Sua consciência se desfez. E ele descobriu a verdade que todos temem. Não há nada para se ver após a morte.
* * *
A mulher retornava para a casa da fazenda. Arrastando consigo um cadáver semidevorado. Com as vísceras arrastando pelo chão. Ela apenas se lembrava. De seu sorriso. Um grande e belo sorriso que ela implantou no rosto do homem que a amava. Usando uma pedra afiava, rasgou-lhe a face de orelha a orelha. Um grande sorriso feliz. Reverberando em sua memória. Afinal, todos anseiam por alcançarem a felicidade. Todos querem felicidade a qualquer custo. E assim ela fez. Buscou sua felicidade. Encontrou-a no corpo daquele homem. E conseguiu deixá-lo com um sorriso nos lábios. Apenas mais um belo e amável casal. Caminhando por entre os campos, após uma adorável refeição.

[Conto] Aborto Maldito

Errar é humano, mas certos erros não são. Eu ignorei a voz da razão de uma maneira cretina e insana, e por mais que possa me arrepender, eu nunca poderei mudar os fatos ocorridos. Fatos estes que me levam a narrar esta história maldita, em que se transformou minha vida. Meu nome é Marcelle, hoje tenho 65 anos, e moro num asilo, pois ninguém da minha família jamais me perdoaram pelos erros que cometi. Na época em que determinados fatos aconteceram, eu era uma adolescente de 17 anos, e comecei a namorar com um rapaz de 20 anos. Minha mãe sempre me dava um sermão quando chegava tarde em casa, dizia para mim não ficar até tarde com Nando, meu namorado. Ela ficava dizendo um monte de coisas, do tipo; “não deixe este rapaz se aproveitar de você”, “homens são todos iguais, eles só querem se divertir com garotas bonitas como você”, “e se você engravidar seu pai a expulsará de casa” ah, como odiava ouvir minha mãe falar essas coisas. a gente brigava direto e certa vez disse a ela que ia dormir na casa de uma colega, mas fui para a casa de Nando. Naquela noite eu não resisti e nós transamos. Mas não usamos preservativo, na hora aquilo nem parecia importante. Mas depois minha barriga começou a crescer, no começo meus pais só pensavam que eu estava engordando um pouco. Mas eu sentia que não era isso. Fui numa clínica com uma amiga e descobri que estava grávida! Aquilo me deixou apavorada, como eu poderia explicar isso para meus pais? Na certa meu pai cumpriria sua promessa de me expulsar de casa. Apavorada, fui contar a notícia para Nando, que ficou chocado e passou a me evitar. Dias depois desapareceu. Seus pais diziam que ele viajou para uma cidade do interior para morar com o avô doente. Não sabia o que fazer... Aí uma garota que conhecia, Laura, me disse para fazer um aborto. Ela tinha razão, era minha única chance de livrar-me daquela criança. Embora ela não tivesse culpa, pois a principal culpada era eu, ela iria pagar com a vida. Assim o fiz, tomei alguns chás fortes e certo dia, creio que já estava com sete meses, corri para o banheiro de minha casa, sentindo dores horríveis em minha barriga, e o feto saiu de dentro de mim, caindo dentro do vazo sanitário. Estava livre daquela criança de uma vez por todas. Eu a retirei do vazo sanitário toda ensangüentada, coloquei dentro de algumas sacolas e joguei no lixo. Mas a partir daí, nos meus sonhos, eu sempre via uma criança com o corpo ensangüentado chorando. Mas tudo bem, pois só eram sonhos. O tempo foi passando, e aos 25 anos eu me casei com Bob, um homem incrível, que me amava, assim como eu o amava. O meu aborto era um segredo, que escondi de todo mundo. Casada e com uma vida bem sucedida, eu engravidei novamente. Tive um filho lindo, que foi batizado de Francisco. E quanto aos sonhos com aquela criança, continuavam. Mas a criança, nos meus sonhos, crescia... era uma garota de longos cabelos pretos e lisos. Ela sempre estava em meus sonhos, completamente nua, tentando me fazer enlouquecer em pesadelos escabrosos. Num deles, ela matava Bob e Francisco com um bisturi, rasgando-os ao meio. Aquilo já estava perturbador demais para mim. Aquela garota era sem sombra de dúvidas, o fantasma daquela criança que eu abortara. E de alguma forma ela queria se vingar de mim. Certa noite Francisco acordou horrorizado e veio até mim, dizendo que uma garota de longos cabelos brancos e sem roupas queria matá-lo. Naquele momento fiquei horrorizada, pois eu não era a única a vê-la em sonhos. Aquilo estava ficando muito estranho. Certo dia, eu voltava do supermercado com várias sacolas de compras nas mãos, entrei em casa e fui para a cozinha, quando vi uma sombra ao meu lado. Olhei para trás e vi aquela garota, tal como ela aparecia em meus sonhos, com os longos cabelos pretos, soltos e completamente nua. Estava ali, parada a minha frente, me fitando diabolicamente. Então ela perguntou:
- Mamãe! Por que há muito tempo atrás você me jogou num saco de lixo e me deixou apodrecer num lugar horrível? E mamãe, por que você sempre está abraçando e dando presente pro Francisco? Por acaso você gosta mais dele que de mim? Sua voz estridente ecoava em meus ouvidos dolorosamente.
– Eu vou matar Francisco. Aí você vai gostar só de mim, não é? – ameaçou-me ela.
Então começou a correr pela casa, até desaparecer da minha vista. Fiquei imóvel, boquiaberta com aquela visão assombrada. Gritei apavorada e comecei a procurá-la pela casa. Mas nada encontrei. Então escutei um barulho vindo do banheiro, abri a porta e vi que tinha alguém na banheira. Pensei que fosse Francisco, mas quando me aproximei, vi que era o fantasma daquela garota, que tomava banho.
– Olá mamãe! Vou tomar um banho, depois matarei Francisco. Aí será só nós duas e o Bob – disse-me ela sorrindo. Abaixei-me perto da banheira, que estava cheia d’água, e desesperada coloquei minhas mãos em seu pescoço e a afundei dentro da banheira.
– Não! Você não vai matar meu filho! – gritei furiosamente, enquanto ela se debatia embaixo d’água, afogando-se. Então vi uma espécie de aura, com a aparência daquela garota sair da água, voando e passando através de mim. Senti um calafrio gelado naquele momento. Olhei para o fundo da banheira e vi que eu não tinha afogado o fantasma daquela garota, pois ele só serviu para me enganar, e me fazer cometer mais um terrível e imperdoável erro. No fundo da banheira cheia de água só havia o corpo sem vida de Francisco.

Michael Kiss

[Conto]Necrofagia - A Câmara Mortuária

"Necrofagia: [Do gr. nekrophágos.] Adj. S. m. 1. Diz-se de, ou animal que se alimenta de cadáveres. Do DICIONÁRIO AURÉLIO de Língua Portuguesa."

- Abra os olhos! Vamos!
Silêncio... moveu a mão em frente aos olhos:
- Argh! Estou cego!
Apenas a escuridão.
Intensa.
...plop!...
Algo rolou ao toque de seu cotovelo.
O chão: áspero.
...dor...nas pernas e quadril...dói a cabeça!
...e o fedor... algo morto...um fedor insuportável....
Arrastou-se para o lado, tateando. Notou coisas miúdas mexendo pelo chão e por sobre o corpo. Encontrou logo a parede. Ao mover o braço esquerdo percebeu o brilho dos ponteiros fluorescentes do relógio: "graças a Deus!". Não estava cego. Apenas as trevas eram tão intensas que o impossibilitavam enxergar um palmo à frente dos olhos. Passou a língua seca pelos lábios...estavam queimados...náusea. Vomitou nervosamente. Clorofórmio. Olhou no relógio: três e quinze. Da tarde ou da madrugada? De qualquer forma o haviam mantido desacordado por horas a fio. Usaram clorofórmio... ainda podia sentir o gosto amargo, mas o perfume enjoativo do anestésico quase não se distinguia do fedor acre que empestava o ambiente. Definitivamente havia alguma coisa morta e apodrecida naquele mesmo recinto. O ar havia se tornado minimamente respirável: insalubre. Cada respiro: sufocante. Chegou a cabeça rente ao chão. Ainda horrível, mas respirável... Acima a emanação cadavérica parecia corrosiva. Escarafunchou os bolsos à procura do isqueiro:
- "...putaquepariuputaquepariuputaquepariu..."! Onde é que eu tô? A pequenina chama bruxuleava como que rasgando uma superfície de breu. Temporariamente ofuscado, afastou a chama dos olhos. Ergueu-a. Ainda não via nada. Ergueu um pouco mais...
...whoup!...
Uma língua de fogo preencheu todo o ambiente. O ar mefítico explodira em uma bola de gases incandescentes fazendo com que o infeliz se encolhesse todo com o susto. Felizmente o fenômeno ocorrera em apenas uma fração de segundo. O bastante para deixá-lo trêmulo, apavorado e com os pêlos do braço e cabeça chamuscados.
- "Metano" - pensou.
Algo grande havia se decomposto naquele mesmo ambiente. A idéia de estar preso em um lugar onde algo ou alguém havia morrido o atingiu como uma marretada. Permaneceu congelado, petrificado na mesma posição, sentindo o medo se espalhar por todos os poros do corpo, ouvindo o silêncio. Silêncio? Não, não estava em silêncio. Havia algo ali com ele. Zumbidos. Moscas? Sim, moscas. Podia senti-las andando sobre seu corpo. Um enxame delas. E algo se arrastando pelo chão...
Levantou-se de um pulo e o impulso rápido fê-lo desferir um golpe seco contra o teto baixo.
- ah! "feladaputa". Minha cabeça, caralho!
Coçou o cocuruto. O teto não devia ter mais do que um metro e sessenta. Apoiou as duas mãos tateando, estendia-se reto à sua frente e para os lados. O fedor de carniça continuava horrível, mas, depois do fogo, o ar tornara-se respirável. Pôs-se novamente a escutar. Agora que estava em pé pôde perceber um pequeno chiado vindo do alto à esquerda. Moveu-se lentamente na direção do som até encontrar outra parede, adjacente à que estava encostado. O chiado parou. Apoiou as duas mãos nas paredes, ficou de frente para o canto. Algo saliente e pontudo feriu sua mão direita. Acendeu novamente o isqueiro, apesar do medo de causar outro incêndio que não aconteceu. A saliência pontuda era um vergalhão de ferro enferrujado. As paredes: concreto. O teto: concreto. O piso: concreto. Sólido. Amarelecido e com alguns tufos de musgo aqui e ali, infiltrações. Mas no alto do canto, na junção com as duas paredes e o teto, havia uma abertura redonda - um cano, na verdade - grande o bastante para se enfiar o braço. Foi o que ele fez, e... nada. Gritou desabaladamente: pediu por socorro, implorou por ajuda, pediu pelo amor de Deus. Mas nada nem ninguém deram sinal de tê-lo escutado. A chama do isqueiro queimou-lhe o dedo. Voltou-se para o interior, esperou que o isqueiro esfriasse, acendeu. Estava em um cubículo com não mais do que 4x4 m. de lado e no máximo 1,60 m. de altura, e no teto, ao centro, uma portinhola de ferro, trancada, que abria para dentro. O chão estava coalhado de moscas mortas, chamuscadas, mas várias delas ainda voavam e se moviam pelo local. ("provavelmente estavam entrando pelo buraco no teto"). Também havia vermes - centenas, milhares, dezenas de milhares de vermes que se reuniam em pequenos montículos e esporadicamente se moviam entre as moscas mortas do chão. Do outro lado do cárcere havia dois montes maiores, não de vermes, mas indistinguíveis de onde estava. À medida que se aproximava, o monte que estava à frente tomava a forma de um homem: sim, era um homem! Cabeludo, barbudo. Deitado de bruços com a cabeça virada para o outro lado. Sentiu uma pontada de alívio por não estar ali sozinho:
- Graças a Deus!
Apressou-se em tentar acordá-lo, mas, como não acordasse, reuniu forças e, (como o homem parecia por demasiado gordo) de um puxão virou seu corpo para si como se quisesse encará-lo. Mas o que o encarou foi um cadáver. Com as órbitas dos olhos carcomidas, a boca igualmente escancarada e negra. Ambas as concavidades eram um criatório de vermes; movendo-se e derramando das úlceras purulentas. O fedor que se levantou foi ainda mais tétrico. Aquilo não era um homem, muito menos um homem gordo - seu volume era devido ao inchaço causado pelos gases que se seguem à degeneração da carne. E como esta última se encontrava pastosa e grudada ao chão, o movimento do corpo fez com que o ventre se partisse expondo o seu interior enegrecido. As tripas haviam permanecido grudadas ao chão...
A visão do corpo decomposto e o mau cheiro provocaram um asco, seguido de uma náusea ainda maior do que a do clorofórmio, já não havia mais nada a ser botado para fora: vomitou bile, amarga, queimando-lhe a garganta...
...o isqueiro apagou...acendeu...
Engoliu o choro desabalado que o havia acometido, enfrentou o nojo, pôs-se a investigar o ambiente para descobrir alguma pista que o ajudasse a sair desta condição. Mas o semblante do morto não deixava de encará-lo. Mesmo sentindo repulsa ele não parava de olhar para aquela face contorcida - reveladora da agonia que acometera o moribundo, momentos antes do estertor final - esverdeada à luz tênue do isqueiro. Tentou desanuviar a mente. Olhou um pouco adiante, para o segundo monte encostado à parede, atrás do corpo,- só então se deu conta do que rolara ao toque do seu cotovelo no momento em que acordara:
- argh! Crânios humanos! Meu Deus! Quantos ossos...tantas pessoas...?- engoliu seco, as palavras engasgaram na garganta. Horrorizado, apavorado: - Eu vou morrer! Meu Deus não deixe que isso aconteça! Eu vou morrer... Empilhados no canto estavam tíbias, fêmures, crânios, costelas, restos de roupas, dentaduras, dentes de ouro ainda nos maxilares, próteses de platina...
Formando um amontoado negro e cheio de lodo que chegava à quase a metade da distância entre o chão e o teto. Desviou o olhar. Perscrutou em volta. Uma pequena lata de extrato de tomates encostada na parede, cheia de água colhida das infiltrações: as pessoas estavam sobrevivendo ali. E o homem morto? De quê morrera? Fome. Seu semblante era esquálido. Certamente morrera de fome. Desafiou novamente a repulsa e olhou para o homem. Só então percebeu algo escrito; tatuado no peito do morto:
- ...MI...
Deu-se conta de uma ardência na pele de seu próprio peito, outra tatuagem:
-...MID...
Afastou um pouco a camisa para o lado esquerdo:
-...MI-DA.
Desesperado, desnudou o peito arrancando os botões da camisa e leu:
- CO-MI-DA.
Comida! Era o mesmo que estava tatuado no morto.


* * *

- Não pode ser! O desgraçado não pode estar querendo que eu coma gente! GENTE! PESSOAS! - gritava ele desesperado andando em círculos no centro da câmara mortuária - E esse defunto? Nem presta mais! Está podre! Se comer isso, morro de disenteria!
Já fazia horas que estava às voltas com aquele dilema, quase um dia inteiro, ou melhor, 24 horas, já que não tinha como saber se era dia ou noite. Neste meio tempo já havia revirado o monte de ossos em busca de coisas úteis: 3 relógios(todos quebrados); trapos de roupas (que juntos formavam uma pequena pilha de uns 35 cm); 2 isqueiros bons, 1 vazio e quebrado; vários chaveiros com chaves; 5 óculos (todos quebrados) cujas lentes foram claramente polidas para serem usadas como facas; 1 estilete feito com um pedaço de vergalhão retirado da parede; restos de uma tocha feita com um fêmur e os trapos ensebados dos mortos. Este último item, alíás, ele descobriu ser uma ferramenta importante, porque além de economizar o gás do isqueiro como fonte de luz, quando acesa ajudava a diminuir a catinga que exalava do corpo putrefato, espantava as moscas, e, mais tarde, ele também descobriria que seria de serventia para cozinhar moscas e vermes que aplacariam a fome mordaz a que seria submetido. Também, foi ao utilizar a tocha que ele pôde descobrir a fonte do chiado que vinha do cano no teto - toda vez em que era acesa a tocha, o chiado iniciava, parando alguns minutos após ela ser apagada. Concluiu que devia ser um exaustor acionado por um sensor de fumaça; simples, mas eficiente. O problema com a tocha era que dentro da câmara, por si só, já fazia muito calor, com uma fonte de fogo a coisa ficava ainda pior. Daí em diante aprendeu logo a ficar no escuro. Pelo mesmo motivo havia desistido de uma idéia maluca de cremar o corpo do homem: - "com uma fogueira desse tamanho isso aqui pode virar um forno, e se eu não morrer cozido, morro sufocado com a fumaça..." - pensou. Quanto às lentes de óculos, não poderiam servir para outra coisa senão cortar e trinchar carne humana. De fato, elas possuíam formatos diferentes para diferentes tarefas e todas estavam sujas com sangue seco. Já o estilete, obviamente, servia para a mesma finalidade das lentes, mas também servia para outra coisa: escavar. As paredes estavam cheias de buracos, mas era óbvio que o concreto era espesso demais, duro demais para ser escavado. Sem falar que a câmara devia ser dentro da terra. Um túnel seria uma tarefa para vários meses, tempo que, talvez, ele não tivesse. Pensou então em escavar em volta da portinhola de ferro que se encontrava no teto ao centro. Mas também já haviam tentado isso. As dobradiças estavam firmemente soldadas em uma placa de ferro, que, por sua vez, estava soldada em uma malha de vergalhões que se estendia por toda a estrutura. O espaço em volta da portinhola era o mais escavado. Não tinha jeito, o local era à prova de fugas. Outra coisa: todos os pertences pessoais das vítimas pareciam estar lá. Isqueiros, chaves, relógios, etc. Tudo... Menos as carteiras com os documentos. Será que o raptor queria transformá-los todos em indigentes? Estaria querendo dificultar seu reconhecimento? Queria que esquecessem quem eram? A carne não tem nome... ou será que todas aquelas vaquinhas que vão todos os dias para o abate são chamadas pelo nome? Não, elas recebem um carimbo da saúde pública, do mesmo jeito que recebera a tatuagem em seu peito. Ali dentro não passava de simples CO-MI-DA! Será que todas aquelas pessoas teriam se alimentado de carne humana? Seria aquele um buraco de canibais? Que espécie de monstro o havia raptado? Até onde podia chegar a loucura humana a ponto de rebaixar seus semelhantes à tão vil patamar de existência? O ódio dele contra seu raptor agora era tão grande que poderia retalhá-lo e dá-lo de comer aos porcos, só para ficar assistindo e perguntando se estava feliz de ser feito de alimento. Divagou até sentir sono. Sentou encolhido em um canto e adormeceu. Sonhou que estava em um jantar chique, vestindo fraque, sentado a uma mesa luxuosa, em volta da qual pessoas de alto nível conversavam e riam frugalmente. Os serviçais chegaram com o prato principal, que ao ser destampado revelou uma cabeça humana que implorava: - não me coma, por favor, não me coma! No sonho ele se levantava horrorizado da mesa se recusando a comer e gritando "não", "não", enquanto todos os outros convidados gargalhavam e o ridicularizavam com mãos e pés humanos na boca, totalmente lambuzados da orgia canibal. Acordou suado e sobressaltado.
* * *

...tum,tum,tum...
O ruído, alto, ecoou.
...tum,tum,tum...
Novamente.
Estavam batendo do lado de fora da portinhola de ferro:
- Alguém vivo? - ecoou a voz de um homem do outro lado.
- "graças a Deus! Estou salvo". - o haviam encontrado, pensou.
Fazia 96 horas que estava ali e seu captor não havia dado sinal de que iria aparecer. Só poderiam tê-lo encontrado...
- Tirem-me daqui! - gritou num misto de alegria e desespero.
- Há. Hahahahaha! - em resposta apenas uma gargalhada. Era ele. O maldito, o desgraçado que o havia raptado e colocado ali. Finalmente o covarde aparecera:
- Me tira daqui seu desgraçado! Filho da puta! Quando eu sair daqui eu vou te matar! - novamente a gargalhada em resposta... isso o deixou irado: começou a bater na portinhola como se quisesse derrubá-la a murros. Esforço em vão.
... a gargalhada...
E então: silêncio. Ambos permaneceram assim por alguns segundos. Apreensão. Até que o outro lado da portinhola quebrasse subitamente a tenção perguntando em tom jocoso:
- Será que você está com fome?
- Vai à merda seu filho da puta! Você sabe que estou! Não fazia muito ele havia comido um cozido de vermes e moscas. E por isso sentia-se enjoado e nojento.
- Mas aí tem muita comida...Este último tripudio fez com que explodisse em ódio - se pudesse romper aquela portinhola transformaria-se em um psicopata ainda maior do que seu captor. Mataria-o sem nenhum remorso. Mas ao invés de demonstrar isso, preferiu demonstrar que era diferente, que com ele as intenções daquele demente nunca surtiriam efeito:
- Se você acha que eu vou me transformar em um canibal está muito enganado! Eu nunca vou comer gente! Está ouvindo? Prefiro morrer! Desta vez a gargalhada foi ficando cada vez mais distante, ele estava indo embora, mas não sem antes deixar uma última sentença:
- Será que a sua força de vontade é tão grande quanto os seus dotes de crítico literário? Eu duvido! Você vai se tornar aquilo que eu quero, sim, e muito em breve vai ter muita comida para se fartar, tanta, tanta carne...sssim, muuita carne...O som da gargalhada foi se esvaindo aos poucos até que um barulho de ferro com ferro (de certo uma tampa de bueiro) a interrompesse por completo. Mas, o que ele quis dizer com "dotes de crítico literário"?
- Meu Deus! Não pode ser! Mas, é impossível! Uma torrente de memórias se formou em sua cabeça. Aquele homem era mais insano do que nunca poderia imaginar. Mas como? Um trojan, só poderia ser isso. Mas tinha de ser extremamente bem feito para passar pelo seu sistema de software; firewall, antivírus, detectores de worms... descobrira seu nick. Vinha monitorando sua vida por todo aquele tempo, um ano, pouco mais, pouco menos. Por isso sabia o local do seu trabalho, a hora em que saía, onde estacionara o carro... daí foi fácil, um garrote por trás, clorofórmio e pum! Mais uma vaca pro abatedouro! O louco era extremamente inteligente... Lembrou-se na hora daquele conto de horror que lera na internet. O havia encontrado em um site onde outras historietas eram enviadas pelos leitores e publicadas. O título lhe chamara a atenção: "Necrofagia". Contava a história de um garoto que fora obrigado a comer a carne do próprio pai após um acidente de avião, anos mais tarde ele tornara-se um psicopata que seqüestrava suas vítimas e os obrigava a comer carne humana. Apenas fora omitida a câmara em que estava, de resto, era exatamente a situação por que estava passando. Lembrou-se de ter enviado um comentário ao conto, definido como "horror gore". Escrevera que o achava infantil, de mau gosto, mau escrito e inverossímil. Inverossímil! Ou seja, que nunca poderia ser verdade! Sua situação tornara-se irônica ao ridículo! À época ainda tripudiara sobre a definição do conto: - "o quê quer dizer 'horror gore'? seria 'piada de mal 'gore'?". Muito engraçado... Também houve outros comentários ao texto além do seu, onze para ser mais exato. Acendeu a tocha e começou a contar os crânios na pilha de ossos: dez, com mais o da "carniça"... - onze. Existe um ditado que diz: "quem fala o que quer, ouve o que não quer".
* * *
Já não sabia mais quanto tempo estava lá. Passava mais tempo dormindo do que acordado, visivelmente magro e sem forças. As moscas e vermes já não o satisfaziam mais. A vida não mais importava. Quando não tinha mais esperança, ela foi renovada. Acordou de súbito com um susto: a portinhola foi aberta com um estrondo e por ela despencou um corpo. Antes que pudesse alcançar a saída ela foi fechada, tão rapidamente quanto fora aberta. Apalpou em volta buscando o isqueiro e a tocha, que foi acesa com presteza, pegou com a mão direita o estilete e se aproximou do corpo que caíra pela abertura do teto. Tratava-se de uma mulher, desacordada, ainda sob efeito do clorofórmio; bonita, com os cabelos longos e escorridos, caídos no rosto por cima dos óculos de armações leves, ligeiramente acima do peso: gordinha, isso era bom... Ajoelhou ao lado dela e olhou para seu peito:
- CO-MI-DA!
Apertou o cabo do estilete, mirou a jugular. E os personagens continuaram sem nome...
Brunno Bocca
"Necrofagia - A Câmara Mortuária" - no prelo. (Todas as situações, logradouros, personagens vivos, mortos ou morto-vivos descritos aqui não têm qualquer relação com a realidade, qualquer semelhança é mera coincidência)

[Lenda]O Passeio Público de Curitiba

O Passeio Público de Curitiba é um parque com zoológico inaugurado em 1886 no centro da capital paranaense. Reza a lenda que foi um famoso barão com poderes sobrenaturais que deu a idéia de inaugurar esta área de lazer, bem no centro de Curitiba, ao presidente da província do Paraná Alfredo Taunay. Ainda conforme o mito, tal projeto surgiu quando o místico barão visitou o Cemitério de Cães de Paris, tanto que o portão de entrada do Passeio Público é semelhante ao portal deste campo–santo francês. O Passeio Público, também, é repleto de outras lendas, que leremos abaixo:

Fantasma do Barão: Reza a lenda que toda à noite de Lua Cheia surge uma alma vestida de Barão neste parque. Vários vigilantes já relataram esta estória.

O Ladrão de Cobras: No Passeio Público há um museu apelidado de “serpentuário”. Pois nele há vários tipos de cobras, dentro de vidros, para que o povo possa apreciá–las. Há muitos anos atrás corria um boato de que um ladrão de serpentes, que tinha roubado uma cobra de uma bailarina de dança do ventre numa boate do centro, andava pela cidade atrás de serpentes para rituais de magia negra. Mesmo com esta estória rolando a segurança do “serpentuário” não aumentou. Numa sexta–feira, em pleno meio–dia, um homem chegou ao “serpentuário” com um martelo, quebrou o vidro e roubou uma caninana. Então um homem vestido de barão apareceu do nada e gritou:
- Devolva este bicho!
O bandido levou um susto, fazendo com que cortasse um pedaço da mão através de um pedaço de vidro. Mesmo assim ele saiu com a serpente. Na saídas pessoas viram o rapaz com o animal dentro de uma garrafa pet de dois litros. A população alertou a Guarda Municipal que prendeu o marginal em flagrante.

Espírito do Transformista: Durante os anos setenta e oitenta, o Passeio Público ficou com a segurança negligenciada e por isto surgiram no local travestis e garotas de programa. Naquela época havia um transformista que se vestia de cigana e jogava cartas de tarô aos freqüentadores do parque. Um certo dia o corpo desta pessoa foi encontrado morto e boiando em um dos lagos do Passeio Público. Alguns dias se passaram e uma menina chamada Melissa, de cinco anos de idade, foi passear com sua família neste local. Durante as brincadeiras a criança se perdeu dos seus parentes e foi chorar no “playground” do estabelecimento. De repente, uma criatura vestida de cigana aproximou – se da menina e indagou:
- Por que está chorando, pequena?
Melissa respondeu:
- Porque eu estava brincando e, como um raio, minha família sumiu.
A cigana pegou na mão da menina e comentou:
- Não se preocupe... Eu guiarei você até os seus familiares.
Assim a pequena perguntou:
- Você é uma fada?
A criatura respondeu:
- Não sou uma fada, mas sou o espírito de uma pessoa que já leu o destino de muita gente neste parque. Hoje a minha função é cuidar das crianças que se perdem neste imenso Passeio Público.
E a cigana sumiu com a menina no passeio publico. Tempos depois, a família da menina se depara com uma multidão as margens do lago, preocupados (e curiosos) vão olhar o que estava acontecendo, e viram Melissa, boiando, afogada nas aguas verde do Passeio Público.

[Lenda] O Pentagrama

Desde o início dos tempos há o medo em que forças das trevas invadam corpos de pessoas que fazem invocações através de rituais milenares usados apenas por feiticeiros poderosos e seguidores de magia negra. Nas profundezas do inferno almas clamam por piedade e na primeira oportunidade escapam de seus martírios e retornam ao mundo dos vivos em forma de espíritos malígnos que invadem os corpos das pessoas. Jonas sempre teve um lado meio diabólico e sua maior diversão era brincar com jogos que possivelmete poderiam atrair espíritos para perto dele. Quando jovem, na escola, vivia assustando seus colegas com histórias e fotos de terror. Hoje com 38 anos já possui uma esposa e uma filha de 12 anos as quais ama muito. Apesar de todas as experiências já realizadas, ainda faltava uma: "O pentagrama", ele sempre teve medo de fazer mas uma matéria que viu na televisão sobre o assunto despertou novamente o interesse em realizá-la. Ficou um mês planejando e estudando sobre o ritual até que conseguiu reunir todos os artefatos para fazer uma primeira sessão de invocação de espíritos. Em uma de suas leituras ele viu que precisava dar algo em oferenda para o demônio, pois ele não faria nada de graça. Todas as fotos que Jonas encontrava via que o diabo estava rodeado de oferendas. Em um dos livros leu que se ele oferecer algum familiar o pedido será atendido com mais rapidez e nada de mal aconteceria com a pessoa oferecida. Jonas mais consciente junta tudo o que precisaria para fazer o ritual na noite de sexta feira 13. O que um dos livros dizia era que ele teria que sacrificar algum ser vivo bem no centro do Pentagrama. Jonas pensou e resolveu sacrificar um gato que não tinha dono e morava na vizinhança. Um dia antes Jonas estava estranho com sua família, permanecia calado e pensativo mas Mariana, sua filha e Suelen, sua mulher nem ligaram muito pois era normal ele ter mudança de comportamento. Na sexta feira bem cedo ele conseguiu capturar o gato e deixou ele preso em casa já que sua mulher e filha voltariam bem tarde da noite pois haviam ido em uma festa na escola de Mariana. A noite chega, Jonas reuni todos seus objetos e livros, sai de casa e vai de carro para um lugar deserto e bem escuro. Em menos de uma hora chega ao local, sai do carro e com uma lanter ilumina o livro que dá instruções de como fazer o pentagrama. O gato que estava no carro gritava muito. O pentagrama é feito no chão de terra e em cada ponta uma vela preta é colocada, Jonas fica no centro e começa a ler umas frases em uma língua estranha e diversas imagens começam a vir em sua mente. Esta seria uma imagem do templo de Satan, mas que Jonas pensava ser apenas fruto de sua imaginação. Depois de uns dez minutos lendo o livro em voz alta ele vai até o carro e pega o gato que estava preso em uma caixa. O aninal estava furioso mas Jonas com o intuito de realizar o ritual corretamente retira de seu bolso um canivete e começa a mutilar o pobre felino que começava a pular de dor. Jonas estava fora de si e cada vez mais dava golpes no gato. Com muita luta ele conseguiu sacrificar o gato mas muito sangue estava em seu rosto. Jonas coloca o corpo do animal no meio do pentagrama com velas pretas nas pontas e continua a ler mais uma página de um dos livros. Para finalizar o ritual ele faz a leitura em voz alta e diz que a oferenda está servida. E faz seu pedido:"Se livrar das dívidas e ter muito dinheiro para gastar", por último de tudo diz que em compensação ao favor lhe concederá sua filha Mariana que estará pronta a serví-lo. Jonas se limpa, pega rapidamente suas coisas e parte para sua casa. Consegue chegar antes de Suelen e Mariana. Cinco meses se passam e Jonas já não tinha mais dívidas. Dois anos depois eles já moravam em uma bela casa e tinham dinheiro para tudo o que quisessem. Mariana estava com 15 anos mas parecia estar mudada, se interessava cada vez mais por contos de terror e assuntos relacionados ao demônio. Seus pais achavam estranho mas pensavam ser coisa da idade. Mariana piorava a cada dia e chegou a ser viciada em drogas injetáveis por uns três meses até seus pais descobrirem. Ela havia se tornado uma menina muito rebelde e de certo modo selvagem. Jonas nunca havia contado para ninguém sobre o ritual do pentagrama e também já não se lembrava mais. Um dia o relógio marcava duas da madrugada e Mariana não havia voltado para casa desde quando saiu para ir para a escola a tarde. Jonas havia saído para procurá-la e Suelen estava desesperada em casa. O portão se abre e Mariana entra em casa, Suelen pensava que ela estava drogada novamente mas desta vez o assunto era mais sério. Suelen grita muito e briga com sua filha, Mariana não diz nada, vai até a cozinha, pega uma faca e vai em direção a sua mãe que estava na sala. Suelen continua a gritar e mandava ela soltar a faca, mas Mariana com muita força a pega pelo pescoço e faz com que sua língua fique para fora e sem dó nem piedade corta a língua de sua mãe. Mariana vai dormir e deixa Suelen agonizando de dor até que Jonas voltasse e a encontrasse toda cheia de sangue no chão da sala. No hospital os médicos analisam a profundidade do corte. Dão os pontos necessários e logo pela manhã ela tem alta. O casal retorna para casa e ainda encontra Mariana dormindo. Jonas vai até o quarto dela a e começa a dar socos na menina, Suelen mesmo com dores e sem poder falar tenta impedir mas Jonas era forte e continuava a bater na menina que não tinha nenhuma reação. Depois de uns dez minutos de tortura Mariana se levanta e com uma voz grave e medonha diz:-Você prometeu. Jonas sai rapidamente do quarto e tranca a porta. Suelen apavora-se e começa a chorar, mas seu marido a acalma. Algumas semanas se passam. Suelen já podia falar e Mariana cheia de marcas pelo corpo já tinha melhorado seu jeito de ser e conseguiu o perdão de seus pais. Jonas no trabalho não conseguia esquecer que ele era o culpado pelos acontecimentos e decide fazer novamente o ritual do pentagrama. Em uma outra noite que estava sozinho reuniu os mesmos objetos da outra vez e partiu para outro lugar deserto. Num dos livros que ele usou da vez anterior havia mais algumas rezas que ele não havia realizado, pensou ser alguma coisa para reverter o que ele tinha feito mas pela segunda vez ele se enganou. Mariana chega em casa e vai para seu quarto. Uma hora depois chega Suelen e se prepara para tomar banho. Jonas faz o pentagrama fica no centro e começa a ler aquelas palavras estranhas, mas o que ele estava fazendo naquele momento era o ritual de invocação do demônio. Sem saber estava levando o diabo para dentro de sua filha. Mariana começa a sentir algo estranho e lágrimas de sangue escorrem pelo seu rosto pede ajuda para sua mãe que estava de roupas íntimas e a banheira estava cheia de água. A menina pede para sua mãe um copo de água, Suelen corre desesperada e traz o que sua filha havia pedido. No pentagrama, Jonas estava quase no final do ritual e o volume de sua voz se erguia a cada momento. Mariana toma a água e começa a se mexer rapidamente, Suelen grita por socorro mas Jonas acabara de colocar o demônio dentro de sua filha, Mariana quebra o copo e com um pedaço de vidro corta a garganta de sua mãe. Arrasta ela até a banheira e agora corta seus pulsos. Jonas termina sua leitura e segue tranqüilo para casa pensando que todo o mal que estava na sua casa havia ido em bora. Ele põe o carro na garagem, abre a porta e vai em direção ao seu quarto quando vê um rastro de sangue pelo chão, entra no banheiro e vê sua esposa morta na banheira e sua filha chorando e com as mãos ensanguentadas. Quinze anos se passaram. Jonas também foi assassinado por sua filha que enquanto o matava ria e cantava muito. A menina foi incriminada pela morte de seus pais, mas por ser de menor foi recolhida para uma unidade da Febem onde ficou até seus vinte anos. Nenhum parente se interessou por Mariana. Hoje devido aquele ritual o mal permaneceu em Mariana e agora com 25 anos criou uma igreja satânica onde realiza cultos ao diabo.

Mulher de Vermelho[Lenda]

Um jovem casal estava muito feliz por estar podendo realizar todos os seus sonhos. ja moravam juntos a pouco tempo, tinham um pequeno filho de, seis meses de idade, e tinham acabado de se mudar para um apartamento que a muito tempo eles queriam. Uma tarde de final de semana, o casal depois de brincar com o bebê, acabou adormecendo. o bebê acordou e saiu engatinhando pela casa. Foi de "gatinha" até a sacada do apartamento e de la, caiu de do quarto andar. O casal foi acordado pelos vizinhos e ficou, obviamente, transtornado com o fato. Eles acabaram indo embora dali, pois não conseguiam mais viver em paz naquele apartamento. No dia em que a mudança foi toda retirada, a pobre mãe, que havia perdido seu filho de forma tão cruel, estava sozinha. Ja era noite, quando no alto de seu desepero ela falou que faria qualquer coisa para ter seu filho de volta. Ela acabou dormindo no chão da sala vazia, mas foi acordada por uma voz que falava com ela. Assustada, ela se lavantou do chão e viu uma mulher vestida de vermelho. A mulher falou que poderia trazer o bebâ de volta, em troca de um favor. A mãe teria que matar um criança da mesma idade do seu filho e oferece-la para a mulher de vermelho. No desespero de mãe, ela acabou fazendo isso e tendo o seu bebê de volta. A mulher de vermelho devolveu o bebê vivo para os braços da mãe. O único inconveniente e que o bebê foi devolvido no mesmo estado em que se encontrava depois de todo o tempo enterrado. O bebê era uma massa deformada em carne viva.

[Lenda] Armas e Mortos, ambos podem matar

Era uma vez , um menino chamado Henrique , que tinha treze anos de idade e morava com a sua avó viúva , na cidade de Curitiba . Sua avó guardava todas as lembranças do seu falecido marido no porão . Porém , Henrique sabia deste hábito , pois costumava vigiar a sua vovó por toda a casa . Naquele porão , existiam vários objetos que pertenceram ao avô de Henrique : roupas antigas , fotos , diários e uma velha arma . Um certo dia , no ano de 2004 , Henrique estava assistindo a televisão , quando escutou o anúncio da campanha do desarmamento . Este anúncio dizia que a pessoa que entregasse uma arma na delegacia receberia R$ 100 , 00 em troca . Assim , este menino não perdeu tempo : pegou a chave do porão e roubou a arma do seu falecido avô . Deste jeito , ele foi até a delegacia , entregou esta arma e ganhou R$ 100 , 00 .
Então , a noite chegou e Henrique resolveu dormir . Porém , na metade do seu sono , o menino teve um pesadelo estranho : ele sonhou que estava dormindo , e, de repente o fantasma do seu avô apareceu com uma faca na mão , dizendo :
- Henrique , por que você roubou a minha arma ?
Assim , neste pesadelo , o garoto disse :
- Vovô ? !Como sabe disto ? !
Desta maneira , o espírito respondeu :
- Nós mortos , sabemos tudo !
Deste jeito , o menino falou :
- Desculpe !Eu sei que a minha atitude foi errada ...Se o senhor quiser , eu posso tentar recuperar a arma ...
Então , o fantasma falou :
- Este seu erro não tem perdão !
Assim , o garoto disse , chorando :
- Vovô , por favor me perdoe !
Então , o espírito pegou a faca e começou a fincar este objeto no peito do neto , falando :
- Agora , você irá me fazer companhia no inferno !
Desta maneira , Henrique começou a gritar sem parar . Deste jeito , a sua avó acordou , abriu a porta do quarto do neto e viu o menino ensanguentado na cama . Assim , Henrique disse :
- Vovô não me machuque !Eu estou arrependido por entregar a sua arma para a campanha do desarmamento . Aiiiiiii ...
Assim , o garoto deu seu último suspiro e faleceu .

[Lenda] Boneca Amaldiçoada

Uma família muito pobre morava numa casa de madeira de dois andares caindo aos pedaços. Não tinham dinheiro nem para comer, mas uma garotinha de 7 anos havia se interessado por uma boneca enorme - do tamanho de uma criança de 9 anos - e insistia para que sua mãe a comprasse. Apesar dos anseios da filha, seus pais não tinham condição alguma de comprar o brinquedo: a mãe era desempregada e o pai trabalhava como catador de papel e lata, chegando sempre às 5 da manhã com sua velha bicicleta. No aniversário da filha, a mãe, em sua infinita busca por emprego, encontrou um envelope com dinheiro, a quantia exata - inclusive com os centavos e tudo mais - para a compra da querida boneca. Ela poderia ter comprado comida para a semana inteira, mas fez questão de agradar sua única filha, comprando o brinquedo que ela tanto desejava.A filha ficou muito feliz com o presente, brincando durante todo o dia e só deixando-a de lado na hora de dormir. A felicidade durou uma semana.Certa noite, a menina acordou com sede e viu um movimento no local. Parecia uma criança de 9 anos caminhando até a cozinha e mexendo nos talheres....mas não era uma criança. Com um faca em punho, a boneca pulou sobre o pescoço da mãe que dormia e o cortou profundamente. Depois esperou a chegada do pai da jovem para abrir um buraco na sua barriga e espalhar suas tripas pelas madeiras da casa velha. Ao presenciar o ocorrido, a garota não resistiu à dor e ao desespero, perdendo a consciência no ato.No dia seguinte, a menina acordou com a casa cheia de gente...tinha policiais e uns senhores que ela nunca havia visto na vida. Sua roupa estava cheia de sangue, mas ela não havia se cortado. Havia uma faca ensanguentada próxima a ela, enquanto um senhor se aproximava para recolhê-la. Enquanto era conduzida para o carro de polícia sobre o olhar incrédulo dos adultos, a jovem conseguiu encontrar tempo para ver sua boneca, com a aparência de uma menina de 9 anos, encostada na cama, onde ela havia deixado na noite anterior, antes daquele terrível pesadelo... Dizem que a boneca é amaldiçoada, pois ela sempre está presente quando crianças são acusadas de matar seus pais...mas em que casa ela pode estar agora?

[Lenda]Ferro - Velho

Paulo era um rapaz , que conseguiu um novo emprego , por intermédio de sua mãe , num ferro – velho .No primeiro dia , que este moço entrou neste estabelecimento , ele sentiu um arrepio e um clima um tanto pesado . Mas , logo ele foi recebido pelo dono do lugar :
- Bom – dia , Paulo ! Meu nome é Marcos , sou seu novo chefe . Seja bem – vindo no seu primeiro dia de trabalho ! Você irá trabalhar reciclando material .
Após o dia inteiro aprendendo a sua nova função , este rapaz resolveu ir para casa e dormir . Mas , naquela mesma noite , ele teve um pesadelo estranho : Paulo sonhou que estava no ferro – velho , e , nos fundos deste estabelecimento , dentro de uma Brasília batida , estavam uma mulher e duas crianças , gravemente feridas , que gritavam :
- Socorro ! Socorro !
Então , o rapaz acordou no meio da madrugada , todo suado .No dia seguinte , a primeira coisa que ele fez , foi ir até os fundos do ferro – velho e lá Paulo viu uma Brasília amarela toda batida . Quando , de repente , o seu patrão , chegou e disse :
- Bom dia , Paulo ! Preparado para mais um dia de trabalho ?
Assim , o moço falou :
- Por acaso , nesta Brasília velha , morreram uma mulher com duas crianças ?
Desta maneira , Marcos respondeu :
- Morreram , sim . Por que ? Quem contou esta história ?
Deste jeito , Paulo disse :
- Desculpe ... É que eu sou meio curioso ... Acho melhor , começar o meu serviço logo .
Este jovem trabalhou até de noite . Mas , quando ele estava se preparando para sair , escutou um grito , que vinha dos fundos do estabelecimento :
- Socorro ! Socorro !Então , o rapaz saiu correndo para o local dos gritos , e , avistou um senhor desesperado dentro de um Chevette marrom . Assim , Paulo se aproximou , mas a imagem daquele idoso desapareceu . Após isto , o moço sentiu mil arrepios e voltou para casa . Muito assustado , ele decidiu dormir . Porém , Paulo teve outro pesadelo : ele sonhou , que um idoso estava dirigindo aquele Chevette marrom na BR – 116 . Quando , de repente , numa ultrapassagem , ele bateu contra um caminhão e morreu . Novamente , o jovem , acordou suado e com calafrios no meio da madrugada .No dia seguinte , ele voltou a trabalhar , e , notou um movimento estranho naquele ferro - velho : estavam chegando mais carros batidos , e , o rapaz foi tomado por uma estranha sensação de medo . Outra vez , o jovem , trabalhou até tarde . Quando , de repente , ele começou a escutar gritos de todas as espécies , que vinham do fundo do ferro – velho :
- Socorro ! Estou machucada ! Eu estou morrendo !-Por favor , salve – me !
Eram gritos e apelos de diversos tipos de vozes .Então , Paulo todo perturbado , foi até o local dos sons e viu pessoas dentro de todos os carros batidos :Num Fusca azul , ele viu quatro adolescentes ensangüentados ; numa Belina cinza , o rapaz viu uma senhora sem a cabeça ; ao lado de uma moto velha , Paulo viu um moto – boy estirado no chão ; dentro de uma Kombi escolar , o jovem avistou muitas crianças feridas ...Assim , os gritos ficavam cada vez mais fortes e se misturavam com sons de acidentes automobilísticos . Desta maneira , Paulo saiu correndo para casa . Ao chegar em sua residência , ele pediu um suave calmante para a sua mãe e foi dormir . Mas , outra vez , no meio do sono , este jovem teve outro pesadelo : ele sonhou que no ferro – velho , existiam almas que não sabiam sobre as suas próprias mortes , e , que por isto pediam orientações junto com orações . Novamente , o moço acordou tremendo no meio da madrugada . Porém , Paulo decidiu que naquele dia , ele daria orientações para estes espíritos e faria orações para eles. Naquele dia , após o seu expediente normal , o jovem foi até os fundos do estabelecimento , acendeu um incenso de rosas brancas e algumas velas . Então , ele começou a orar , deste jeito :
- Prezadas almas , que desencarnaram em acidentes automobilísticos : Vocês não pertencem mais a Terra , agora vocês precisam estar em outra dimensão ! Eu sei que os seus corpos faleceram drasticamente , mas as almas de vocês continuam ...
Após fazer este ritual , Paulo voltou para casa , dormiu e não teve mais pesadelos . No dia seguinte , ao chegar no seu local de trabalho , ele viu que o ferro – velho estava lacrado e que em frente à entrada existiam vários carros da polícia . Assim , ele perguntou ao policial :
- O que houve neste estabelecimento ?
Assim , o policial respondeu :
- O dono do ferro – velho é suspeito de desmanche de carros , por isto ele já foi levado para a delegacia .
Após escutar isto , Paulo voltou para sua casa , com a alma muito leve .

Jogo do Copo


O que é?: o jogo consiste em você receber um espírito dentro de um copo, que se movimentará até as letras colocadas sobre a mesa, repondendo ás suas perguntas e lhe dizendo as frases que quem viu jura que é verdade e quem não viu, nuca acreditará!!


Procedimento: Você deve pegar uma folha qualquer e escrever o alfabeto inteiro (de A até Z), os números (de 0 a 9) e as palavras "sim" e "não", para facilitar as repostas do espírito. Depois de feito, vc deve recortar o papel isolando cada letra, número ou palavra, ou seja, num quadradinho ficará a letra A, no outro a letra B, no seguinte a letra C etc e tal. Com o alfabeto, os números e as palavras em mão, vc deve os espalhar formando um círculo numa mesa redonda. Em seguida, os jogadores devem uns dar as mãos aos outros, e rezar, concentradamente 7 pai-nosso e 7 aves-maria.Feita a reza, um jogador (o que vai comandar a equipe, fazer perguntas ao espírito) coloca o copo no centro da mesa (virado de cabeça para baixo) e aponta o dedo indicador para o centro do copo. Todos os outros devem fazer o mesmo: apontar o dedo indecador para o centro do copo, chegando o mais próximo possível, tomando o máximo de cuidado para não encostar o dedo no copo.Depois de cumpridos esses procedimentos, os jogadores devem apenas aguardar a vinda do espírito. Com o espírito já dentro do copo, o "comandante" da equipe deve fazer as perguntas que serão repondidas pelo espírito. Depois de vc fazer as perguntas que queria e ter CERTEZA ABSOLUTA que o espírito foi embora, pegue o copo e quebre-o. Jogue fora os cacos do copo o mais longe possível da sua casa.


Importante: Você não deve ironizar o espírito enquanto ele estiver no copo e deve manter-se concentrado por TODA a brincadeira!! Qualquer disvio da sua atenção pode estragar todo o jogo!! Se concentre bem e tudo acontecerá realmente!!Muitos acreditam no sobrenatural, outros no poder da mente, mas que vale a pena jogar, vale!!

[Lenda] A Ruiva do Cemiterio do Água-Verde

Em 1990 , Maurício , um advogado do interior de São Paulo se mudou para Curitiba e conseguiu comprar um apartamento no bairro Água Verde , bem ao lado do cemitério . Em seu segundo dia , na sua moradia nova , aconteceu algo estranho : a campainha tocou , o rapaz atendeu e viu uma moça ruiva , de vestido verde , que disse :
- Boa – noite ! Meu nome é Lurdes , sou sua vizinha do andar de baixo e gostaria de saber se o senhor tem um pouco de açúcar para me emprestar , pois onde eu moro está tudo tão amargo ...
Então , Maurício emprestou um pote de açúcar para esta mulher que agradeceu e foi embora . Mas , este rapaz estava olhando o cemitério , pela janela , e viu algo estranho : a mesma moça que pediu um pouco de açúcar entrou no cemitério e desapareceu . Assim , Maurício ficou um tanto cismado , mas depois não deu muita bola para o acontecimento . Uma semana depois , a campainha tocou novamente : era a mesma ruiva , que perguntou :
- Boa – noite ! Será que o senhor tem um pouco de gelo para me emprestar ? É que , lá embaixo , tudo está muito quente !
Então o rapaz ofereceu um pequeno isopor com alguns cubos de gelo dentro . Assim , a moça agradeceu e foi embora . Mas , Maurício estava outra vez , observando o cemitério da sua janela , quando viu a mesma mulher entrar neste local novamente . Na mesma hora , alguém apertou a campainha . Então este rapaz foi atender e era José , o seu vizinho do apartamento da frente . Os dois se cumprimentaram , e Maurício perguntou :
- José , você sabe quem mora no apartamento debaixo do meu ?
Então , o seu vizinho respondeu :
- Ninguém !
Assim , Maurício falou :
- Nossa ! Você , por acaso , conhece uma ruiva chamada Lurdes que mora nas redondezas ?
Deste jeito , José exclamou espantado :
- Ruiva ? ! Lurdes ? ! Não pode ser ... Como você a conheceu ?
Desta maneira , Maurício explicou que Lurdes era uma moça que pediu açúcar e gelo emprestados e que nas duas vezes tinha entrado dentro do cemitério . Após ouvir isto , José falou :
- Espere um pouco , pegarei uma foto .
Assim , José voltou com uma foto de aniversário , mostrou este retrato a Maurício e perguntou :
- A moça ruiva é esta da foto ?
Então , Maurício afirmou :
- Sim !
Deste jeito , José explicou :
- Esta moça se chamava Lurdes , ela morava no apartamento de baixo e morreu do coração em 1987 . Ela era uma executiva solitária e sem parentes . Uma vez , ela teve um ataque do coração e seu corpo ficou dias trancado em sua residência . Isso só foi descoberto porque os vizinhos sentiram um grande mau cheiro vindo de lá , então a polícia arrombou este apartamento e descobriu o corpo . Como ela não tinha parentes , a empresa providenciou seu enterro bem neste cemitério da Água Verde . Toda a vez que chega um morador novo ela pede coisas emprestadas . Eu peguei o diário velho dela e li coisas que demonstram que ela era muito solitária . Você gostaria de ler ?
Então , Maurício disse :
- Sim !
Desta maneira , José tirou uma caderneta do bolso e deu para Maurício ler . Este rapaz viu os seguintes trechos :

" – A solidão me acompanha cada vez mais nesta cidade . Tenho medo de morrer trancada neste apartamento e de ninguém achar o meu corpo ."
"- Será que se isto acontecer , a minha alma descansará em paz ?"

Depois disto , Maurício pediu para que José o levasse até o túmulo da moça . Desta maneira , os dois foram até o cemitério e Maurício viu a foto da ruiva e leu : Lourdes 1954 – 1987 .Então , este rapaz mandou rezar uma missa para a alma de Lourdes . Mas , mesmo assim , dizem que o seu espírito sempre aparece para os novos moradores do edifício ao lado do cemitério da Água Verde .

[Lenda]Amigo-Secreto Macabro

Em 1987 , existiam quatro meninas que eram muito amigas , seus nomes eram : Patrícia , Claúdia , Evelin e Janine . Em novembro de 1987 , estas garotas estavam reunidas na casa de Patrícia , quando resolveram fazer a brincadeira do copo . Primeiro , Claúdia colocou o dedo em cima do copo e perguntou :
- Tem alguém , aí ?
Então , Janine exclamou :
- Vamos parar com isto , pois este jogo nunca dá certo !
Mas , Claúdia voltou a fazer a mesma pergunta :
- Tem alguém , aí ?
Outra vez , o copo não se mexeu . Então , esta garota largou do copo e as outras falaram :
- Ah , que pena que não deu certo !
Porém , após elas comentarem isto , o copo se mexeu . Assim , Claúdia colocou , novamente , o dedo nele e perguntou :
- Tem alguém , aí ?!
Deste jeito , o copo disparou para a palavra sim . Então , esta garota perguntou :
- Quem é você ?
Desta maneira , o copo se dirigiu a várias letras e formou a palavra : Mafalda . Assim , Patrícia exclamou :
- Mafalda é o nome da minha tia que faleceu ano passado !
Desta maneira , Janine berrou :
- É melhor pararmos com esta brincadeira !
Então , por um descuido , Cláudia tirou o dedo do copo e ele , sozinho , se quebrou contra a parede . Assim , Evelin sugeriu :
- Acho melhor brincarmos de outra coisa , para esquecermos o que aconteceu , agora .
Deste jeito , Janine afirmou :
- Muito bem !
Então , Patrícia sugeriu :
- Já que estamos no final do ano , que tal brincarmos de amigo – secreto ? !
Desta maneira , todas concordaram :
- Sim !
Então , estas garotas prepararam os papeizinhos e fizeram os sorteios . A primeira a pegar seu amigo secreto , foi Patrícia , que ao olhar seu papel exclamou :
- Eu peguei o nome Mafalda !Mas , Mafalda é o nome da minha tia que morreu ano passado !
Então , Janine disse :
- Deixem eu pegar o próximo papel !
Após esta garota pegar o papel , ela exclamou :
- Eu peguei Violeta !O nome da minha tia que morreu há cinco anos atrás !
Assim , Evelin e Claúdia pegaram os últimos papéis , ao mesmo tempo , e exclamaram :
- Eu peguei Margarida !O nome da minha tia , que morreu antes de eu nascer - Evelin
- E eu peguei o nome Marisa !O nome da minha irmã que morreu num acidente de carro - Claúdia
Então , Janine disse :
- Vamos rasgar estes papéis e fazer outro sorteio !
Mas , Patrícia falou :
- Não !Eu tenho outra idéia : Vamos escrever os nomes destes nossos parentes mortos num papel . Cada uma de nós poderá presentear a colega , que tem o parente morto , com o nome que pegou . Será uma bela forma de homenagearmos os nossos entes falecidos . Os presentes serão trocados dia 23 de dezembro .
Assim , todas concordaram . Até que chegou o dia da revelação do amigo - secreto e todas trocaram os seus presentes . Patrícia presenteou Evelin , que presenteou Janine , que presenteou Claúdia , que por fim , presenteou Patrícia . Mas , ao final , desta troca de presentes , ocorreu algo estranho : um vento forte soprou no quarto de Patrícia e de repente , do nada , apareceu a imagem de uma senhora , que disse :
- Patrícia !
Então , esta garota exclamou :
- Tia Mafalda ? !Não poder ser !
Assim , Mafalda falou :
- Mas , é ...E eu não estou sozinha !
De repente , apareceu a imagem de outra senhora , que falou :
- Claúdia !
Então , esta garota exclamou :
- Tia Margarida !
Mas , o vento soprou forte , novamente , na janela , e , outra senhora surgiu , exclamando :
- Janine !
Assim , Janine falou :
- Tia Violeta !Mas , a senhora morreu ...
De repente , apareceu uma jovem do nada , que disse :
- Com muita saudade , Evelin ?!
Desta maneira , Evelin exclamou :
- Marisa , minha irmã !
Então , todas estas almas penadas , perguntaram , ao mesmo tempo :
- Vocês querem ver o presépio de Jesus , lá no céu ?
Assim , as garotas vivas afirmaram :
- Sim !
De repente , dentro da casa surgiu um cheiro de queimado , e , da parte de fora vieram uns ruídos de sirenes .
Porém , as meninas estavam tão hipnotizadas pelos espíritos , que nem deram bola para isto . Então , cada garota deu a mão para o fantasma de seu parente e foram ver o presépio de Jesus no céu . Cinco horas , mais tarde , os corpos das garotas foram encontrados queimados