[Lenda] Misterio de Katrin

Indonésia 1948
Após uma intensa reforma, o hospital infantil de Santem, iria ser reaberto. Passou por um forte incêndio no ano anterior, cujas causas até hoje são desconhecidas. Kur Hants um conceituado fotógrafo alemão, entrou sozinho no prédio para registrar as mudanças do local e fazer uma matéria sobre a renovação do prédio após a tragédia. Caminhou por vários andares, mas ao chegar ao último sentiu algo estranho, estava frio e sentia como se algo o observasse, mesmo com maus pressentimentos continuou seu trabalho. Ao focar sua câmera para uma das portas que davam acesso à ala psiquiátrica, notou uma mancha na lente da câmera, ao limpá-la percebeu que não havia nada ali. Ele movimentava seu equipamento, e a sombra parecia imóvel. Kur nunca havia passado por isso, pensou se tratar de alguma brincadeira, continuou a fotografar. Quando estranhos barulhos, que se assemelhavam de uma menina se debatendo contra a porta, começaram a ficar intensos, Kur correu pensando ser alguém em apuros. Kur abriu a porta, algo violentamente atravessou seu peito, perfurando seu coração. A câmera caiu e por muita sorte não se danificou.
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Cidade de Santem 1946
Enila, Ceron e Katrin, formavam uma família feliz, moravam em um humilde sítio, que com o avanço da cidade estava ficando cada vez menor e a situação financeira deles ficava cada vez pior. Katrin gostava muito de seus pais, era uma menina encantadora de apenas 11 anos. Brincava sempre sozinha com os poucos animais da fazenda. Enila era uma mulher muito justa e batalhadora, sempre conseguiu manter o equilíbrio na casa, mesmo passando por tantas dificuldades. Depois de alguns meses a situação começou a se complicar, era época de seca, as plantações estavam morrendo e a única solução encontrada por Ceron foi vender um de seus cavalos. Era uma tarde nublada Ceron amarrou o animal numa carroça, consigo levou algumas armas e pólvora para tentar vender no mercado da cidade. Katrin pede para que ele traga uma boneca que ela tanta desejava, pois seu aniversário estava muito próximo. Muito triste e com pena de sua filha ele diz que irá tentar realizar o sonho da menina. Várias horas se passaram, começou a trovejar, Ceron retornava para sua casa. Conseguiu vender apenas o cavalo, não achou comprador para o restante do material que levava. Katrin avista seu pai, vindo pela estrada, muito contente e aguardando ansiosa por seu presente, corre e avisa sua mãe. As duas aguardam na porta da residência, quando um forte raio cai pelas redondezas, o som do trovão foi tão forte que fez com que o cavalo se assustasse. Ceron perdeu controle das rédias, em pânico o animal tenta fugir, mas continuava preso à carroça. Katrin e sua mãe tentaram correr para ajudar, mas a carroça vira, uma pequena faísca é produzida, acidentalmente a pólvora se espalha, causando assim uma enorme explosão. Ceron gritava muito, seus pedidos de ajuda podiam ser ouvidos à distância. Mãe e filha nada puderam fazer a não ser assistir a morte dele. Alguns objetos que estavam na carroça foram arremessados com a explosão, dentre eles estava a boneca que Katrin tanto desejava. Intacta, a menina encontra e abraçada ao seu novo brinquedo fica paralisada e parecia não acreditar que havia perdido seu tão amado pai. As chamas arderam por mais de uma hora e se alastraram pelo capim seco, muitas pessoas tentaram ajudar. Nada se salvou a não ser a casa onde elas moravam. Depois de algum tempo, Enila recebeu uma proposta de venda daquele local onde queriam construir um grande hospital. Sem pensar muito aceitou. Compraram uma casa no centro de Santem e com o restante do dinheiro poderiam viver sossegadas, já que aquele local era muito valioso. Após a morte de seu pai Katrin passou a ser uma menina triste e ainda mais solitária, pois pouco falava e nunca mais se separou do ultimo presente que recebeu dele. Apenas um cachorro foi levado para a casa nova. A mudança foi difícil para as duas, Katrin sofreu aos prantos entrou em sua nova moradia. Desde então seus trajes passaram a ser pretos, se fechou para o mundo. Renegou toda a ajuda que lhe foi oferecida. Enila preocupava-se e seu único consolo era pensar que tudo aquilo não passava de uma difícil fase. Um ano depois... Katrin, nunca saia de casa, isto fez com que sua pele ficasse extremamente clara e pálida. Todas as noites, Enila escutava Katrin conversar com alguém e ao espiar constatava que ela tinha a boneca como melhor amiga. Numa noite, algo de estranho aconteceu, Katrin chorava muito e chamava por seu pai. Pensando em se tratar apenas de mais um sonho, Enila corre para ver o que estava acontecendo. Assustou-se ao encontrar a boneca suja de sangue, Katrin continuava a gritar, sua mãe a acalma e depois a questiona sobre a boneca, sem obter nenhuma resposta recolhe o brinquedo de sua filha e vai para fora tentar limpar. Quando abriu a porta dos fundos, encontrou o cachorro morto, seu peito perfurado e com um vazio no local do coração. Enila ficou apavorada com a cena, num primeiro momento pensou ter sido obra de algum assaltante ou pessoa mal intencionada. Katrin acalma-se e vai dormir. Devido ao susto, Enila nem se importa com a boneca suja, limpa e devolve para sua filha. A notícia se espalhou e todos pensavam ser algum maníaco rondando a vizinhança. Desde este dia a vida das duas tornou-se atormentadora, noite após noite, acontecimentos estranhos começaram a ocorrer na humilde casa. Armários abriam misteriosamente, objetos desapareciam e sons estranhos deixavam o ambiente aterrorizante. Enila não sabia mais o que fazer, sua única saída foi pedir para que sua irmã e sobrinha viessem ficar por um tempo na casa delas, pois com mais pessoas elas ficariam seguras. Por dois meses a situação ficou calma. O ano já era início do ano de 1947, o novo hospital da cidade iria inaugurar, muita expectativa rondava aquele povo, pois grande tecnologia foi utilizada naquele local. Katrin continuava sendo a mesma menina calada e séria de sempre, nunca havia falado mais do que duas palavras com sua prima Malina, que tinha a mesma idade. Malina sempre quis brincar com a boneca de Katrin, mas sempre foi rejeitada por ela. Num domingo, todas vão dormir logo cedo. No meio da noite Enila sente um cheiro de fumaça, se levanta e depara-se com sua cozinha em chamas. Todos os vizinhos acordam e correm para ajudá-la. Próximo a porta de saída encontram a boneca de Katrin, levemente queimada, mas sem grandes estragos. Enila estranha e decide jogar o brinquedo fora. Após passar o susto, todos voltam a dormir. No dia seguinte, Enila encontra Katrin dormindo com a boneca que ela tinha jogado fora. Enila cala-se e começa a desconfiar de sua filha, pois ela era perturbada e misteriosa. Em um dia que Katrin estava em outro cômodo da casa, Malina pega a boneca de sua prima e começa a brincar. Katrin retorna e encontra sua prima com a boneca. Revoltada, pela primeira diz uma única frase. "- Você irá se arrepender por isso!" Malina solta o brinquedo e vai de encontro à sua mãe. Naquela noite daquele mesmo dia, novos acontecimentos estranhos tiveram início desta vez quem gritava muito era Malina que dormia no mesmo quarto que Katrin. Enila e sua irmã correm para ver o que estava acontecendo. O choque foi grande ao ver Malina morta e também com um buraco em seu peito. O olhar de Katrin era intenso, ficou parada em pé com a boneca em sua mão direita olhando para o corpo da menina. Suas mãos estavam sujas de sangue assim como a boneca. Enila não conseguia acreditar que sua filha havia matado sua própria prima. Espanca a menina, que não teve nenhuma reação. Katrin permaneceu dois meses acorrentada na cama, até que o novo hospital fosse aberto ao público. A mãe de Malina foi embora e nunca mais deu qualquer notícia. Enila chorava muito, mas internar Katrin era a única solução. A boneca foi mais uma vez retirada das mãos da menina. Já internada no hospital, Katrin recusava-se a usar as roupas dos internos e continuava com seus trajes pretos. Mais um mês se passou. Katrin estava piorando a cada dia, queria de qualquer forma sua boneca de volta. Os médicos acharam melhor que ela tivesse seu desejo realizado. Enila assim o fez, no dia da visita quis entregar pessoalmente e ficar a sós com ela. Depois de uma hora, os médicos acharam estranho o silêncio e a demora, abriram a porta da sala: Katrin havia matado sua própria mãe e com as próprias unhas arrancou seu coração e comia como se fosse um saboroso doce. Os médicos ficaram abismados com o que viram. Katrin foi novamente amarrada e sedada. A notícia se espalhou, todos na cidade temiam a menina e principalmente sua boneca, pois muitos acreditavam ser um objeto amaldiçoado. Mais dois meses se passou, a aparência de Katrin era horrível, com muitas olheiras, cabelos negros e compridos. Os médicos e enfermeiras a temiam, eram poucos os que chegavam perto dela. Toda a equipe achou por bem retirar novamente a boneca de suas mãos. Neste dia a situação se complicou. Katrin dava gritos, e negava-se a entregar seu brinquedo. Mesmo lutando, a boneca foi levada para o incinerador. No exato momento em que foi jogada no fogo o prédio do hospital também começa a arder em chamas. Em segundos o fogo se alastrou, a ala das crianças foi atingida, ninguém conseguiu fazer nada. Centenas de pessoas morreram naquele dia. Katrin também foi carbonizada, poucos se salvaram. Mesmo com a grande tragédia, muitos se alegraram ao saber que Katrin havia morrido, pois assim davam por encerrada as ações macabras daquela menina.
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Um amigo de Kur, estranha a demora de seu amigo, ao procurar por todos os andares do hospital, encontra sua câmera caída e logo em seguida seu corpo, com uma grande perfuração no peito. As fotos de Kur são reveladas, mas o temor foi enorme ao constatarem a presença de uma menina vestida de preto na foto. Muitos estudiosos se interessaram pelo assunto e acabaram loucos e internados em clínicas e hospitais onde juram ver a mesma menina da foto. Os moradores de Santem, afirmam que o espírito de Katrin ainda vive. A ala onde ela foi internada acabou sendo desativada. A lenda de Katrin espalhou-se pelo mundo, sua foto foi julgada como montagem e a verdadeira história desapareceu com o passar dos anos. O único mistério não revelado e nunca descoberto, foi o poder que sua boneca exercia, mas ela nunca passou de um simples brinquedo. Katrin era má e a morte de seu pai fez com que nela brotasse poderes psíquicos que eram capazes de alterar o curso natural da vida. Seu espírito permanece imortalizado em sua única foto, Katrin ainda vive na mente das pessoas que a observam por muito tempo.

[Conto] Vudu

de Fernando Loggar
Desde os tempos antigos a magia negra é utilizada por pessoas que desejam realizar o mal para seus inimigos. Bonecos, objetos pessoais, partes do cabelo são recolhidos para o ritual. Na escola de Mirela, de apenas 16 anos, a professora de história pediu para que seus alunos fizessem um trabalho sobre antigos rituais. Vários temas foram passados e o preferido dela foi o Vudu. Já ouviu falar disto, mas nunca se interessou em pesquisar mais afundo. Junto com mais três amigos: Peter, Juliana e Andréia foram para a biblioteca juntar material para o trabalho. A pesquisa foi frustrante já que nada de muito interessante foi encontrado, com isso decidiram ir para a casa de Juliana para procurar algo mais interessante na internet. Foi tudo muito rápido, logo nas primeiras páginas de busca encontraram um site que parecia especificar bem o que eles queriam. Reuniram um bom número de informações, mas ainda queriam algumas imagens especiais. Com um pouco mais de esforço acharam um site diferente e que chegava a dar medo em algumas pessoas. Para entrar era necessário a inclusão de um cadastro no qual vários dados pessoais eram pedidos. Peter quis demonstrar coragem e fez seu cadastro, em poucos instantes recebeu a confirmação no seu e-mail com seguinte mensagem: "Bem vindo ao Vudu, novos caminhos serão descobertos a partir deste site. Você vai se impressionar com o que verá em nossas páginas. Sua senha é o nome daquele que você ama ao contrário" A interpretação desta mensagem poderia ser feito de diversas maneiras, Peter ficou pensativo e logo colocou o nome de uma menina de sua sala, escrito ao contrário. No site a senha foi inválida e de pois de dezenas de tentativas ele chegou em seu próprio nome que escrito ao contrário seria RETEP, tudo aquilo parecia uma brincadeira interessante e diferente. Analisando o conteúdo do site acharam todas as dicas interessantes, e isto acabou despertando a imaginação deles. O vudu poderia ser interessante para conseguir as coisas de maneira fácil e rápida. Mirela foi a primeira a se empolgar e logo estava querendo ¿brincar¿ com uma colega de sala de quem ela não gostava. Peter, Andréia e Juliana não gostaram muito da idéia, mas por curiosidade aceitaram fazer o desafio. No dia seguinte conseguiram pegar alguns objetos pessoais da menina e correram para a casa ligar o computador e novamente com o login e senha de Peter, conseguiram entrar no site, ali teriam instruções de como realizar o ritual. Era algo novo e divertido. Seguiram passo a passo: Fizeram um boneco com argila e nele amarraram os objetos da menina. Depois de uma estranha oração, fizeram com o boneco o que eles desejariam que acontecesse com a menina. No começo fizeram coisas simples, era bem divertido, no final de tudo Mirela brincou, duvidando do poder da magia, disse que iria arrancar a cabeça da boneca para ver se tudo aquilo era mesmo verdade. Depois de tudo Peter voltou a checar seu e-mail e viu uma nova mensagem que estava escrito: "Vocês estão dentro do jogo, preparem-se para as novas etapas". Aquilo parecia um spam, como de costume não deram importância. No dia seguinte, na escola, não se falava em outro assunto a não ser a morte de Amanda, a menina que aquele grupo de amigos não gostava. Ao saberem da notícia, Peter, Mirela, Andréia e Juliana ficaram impressionados e ao mesmo tempo preocupados, pois pensavam que seria culpa deles. A situação ficou ainda pior quando tomaram conhecimento do motivo de sua morte. Havia sido atropelada na tarde anterior e que seu corpo estava dilacerado, principalmente a cabeça que despregou do restante do corpo. Os quatro amigos estavam apavorados, sentiam-se culpados pelo ocorrido. Na escola, todos ficaram aterrorizados com os acontecimentos. Por estar difícil conseguir concentração, o diretor decretou luto e dispensou seu alunos. Peter sugeriu que eles se reunissem de novo. Novamente no site, Peter digitou sua senha, que por diversas vezes acusou como inválida. Checando seu e-mail leu novamente a mensagem sobre a senha, mas desta vez, foi interpretada de modo diferente. Pois ¿Amar ao contrário¿ significa odiar, e ao que tudo indicava a senha para a entrada no site teria mudado, e o nome seria então Amanda. Todos estranharam este fato, e gelaram ao visualizar a página novamente. As fotos do acidente de Amanda estavam on-line, as cenas foram tão fortes que logo Mirela e Juliana começaram a passar mal. No rodapé da página, mais uma mensagem estava sendo exibida: ¿O Vudu agradece a atenção e o sucesso do ritual de vocês. Uma nova tarefa será passada em breve¿. Peter tentava cancelar seu cadastro, mas a página dava erros constantemente. Todos ficaram intrigados e cada um decidiu ir para sua casa, marcaram um novo encontro na noite do dia seguinte. Desta vez a situação ficou mais graves, pois as instruções do site diziam que cada um deveria fazer um boneco de si próprio. O medo foi maior que a coragem de deixar a brincadeira. Os garotos estavam preparados para o ritual de vudu, reunidos em circulo e sentados no chão. O celular de Peter toca, ao atender uma voz estranha diz que a brincadeira iria começar e que receberia em seu e-mail várias instruções para concluir o processo. Peter recebeu o primeiro e-mail, nele dizia que Juliana deveria apertar a perna de seu boneco. A menina obedeceu, e ao fazer isto sentiu uma enorme dor em sua perna. Logo após isto, um novo e-mail chegou e desta vez pedia para que eles trocassem de boneco. Novos e-mails foram chegando e a brincadeira continuava igual até o momento em que novas instruções diziam que Mirela deveria furar um dos braços do boneco que correspondia à Peter. Mirela realizou o pedido, com uma agulha fez um orifício no braço direito do boneco. Instantaneamente Peter começou a sentir forte dores. Um machucado começou a se formar sobre a sua pele. O garoto entrou em pânico ao ver o que acontecia com ele, Mirela chorava muito mas algo fazia com ela não parasse . Peter começava a sangrar muito, os amigos ficaram desesperados, e misteriosamente ninguém conseguia se mexer. Os braços e pernas estavam imóveis. A situação ficou desesperadora, o Vudu era pior do que eles poderiam imaginar. O que era para ser um simples trabalho de escola, tornou-se uma experiência mortal. Pouco a pouco eles foram se mutilando. Nada e ninguém fazia com eles parassem. O site de onde eles foram induzidos ao ritual, não podia ser acessado novamente. Sempre aparecia como inexistente. Na roda, muito sangue permanecia no chão, um cenário pavoroso estava criado naquele ambiente. Mirela, teve parte de seu rosto desfigurado, Peter perdeu seu braço, Juliana não poderia andar mais e Andréia ficou cega e sem movimentos na mão esquerda. Um ano se passou os quatro amigos nunca mais se falaram. Cada um seguiu seu caminho. Apenas um fato se tornou intrigante, a professora deles estimulava seus alunos aos trabalhos sobre vudu. Tempos depois aquele mesmo site retornou, e várias pessoas diziam que ele pertencia à uma mulher muito inteligente que se dedicava a ensinar crianças.